sábado, 13 de dezembro de 2008

Noites de Cabíria (Parte I)



Náuseas, dor de cabeça, litros e litros de água para engolir todas as pílulas. Do calor de suas pernas, ao frio dos tacos de madeira, era seguido por todos os fantasmas da revolução chilena. A ligação entre os formatos das gotas de chuva que caem no pára-brisa do seu automóvel, e a extensa dimensão dos fatos, atribuía a mim o gosto pelo gozo, pelo teu cansaço, Contrane ou Davis, soariam nessas núpcias, enquanto um cinzeiro notável, bravo e áspero arrebataria nossas almas pelos tragos dados. De fato o minuto não seria mais minuto sem sua companhia.

Eu a encontrei, como tantas outras foram encontradas, mas a despi como somente ela poderia ser endeusada, no caminho onde a serpente caminha, nem Adão, nem Eva, conquistam individualmente o paraíso, e por hora nada era mais sensato. Do deslizar de suas alças ao desabotoar do tempo, atribuía novamente eu um absurdo conto de estabilidade. Mas vamos não vamos aos fatos, de factóides os tablóides se viciam e nada teria muita graça.

Era fim de tarde, o rodeio da noite eminente, de maneira a prosseguir com o ar menos denso, e os meus passos decadentes. Paletó risca de giz, chapéu, e sapatos de cromo alemão. Deus sabe que nesses tempos de pós guerra a elegância vem em primeiro lugar. Entre Cowboys e bonecas nazistas, somente minha Rolleiflex poderia fotografar a eternidade. Meu cigarro entre os dedos, a gravata listrada, e uma simples espera. A espera dela, descia do saguão do hotel, sobre scarpins, envolta em panos que mais pareciam a fazer flutuar sobre os demais mortais. As cartas escritas por uma leitora assídua de uma coluna fraca, feita por um colunista não menos fraco, haviam rendido uma grande companhia, e de modo que o fato jornalístico agora era encenado pelo ditador das palavras.
O baile começaria em algumas horas, em tempos difíceis, poucas diversões eram mais aguardadas que ele. Cada minuto de espera era drástico, e a pontualidade tomara meu coração de assalto. "Esperar o que, e de que vale esperar?", perguntas recorrentes de uma mente não sã, com um corpo que em poucos momentos estaria exausto morto sobre uma cama. Um ultimo ajuste na gravata, no caimento do paletó, e ponto, rodeava o saguão esperando a perfeição. Um salto para a eternidade seria a filmografia escolhida a seguir. De barbas e cabelos aparados, eu a vi apodeirar-se de todos os véus, arrebatar-me aos céus, egolir-me como um trago de uísque, e domesticar o psicótico que provavelmente tomaria conta de mim.
Naqueles dias, era moda não se atrasar, dizia-se de bom tom obrigar-se a ser sociável. Talvez pela reconstrução mundial, talvez pela pouca excentricidade do mundo. De modo que pouco ligávamos, se judeus morriam no velho mundo, pouco sabíamos das reais proporções da união mundial. Apenas queríamos ter em John Wayne um herói a seguir. E nas taças de champagne uma determinação para viver.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Filtro Vermelho




São quase cindo da manha, e a iluminação pública é fraca como sempre. A cada esquina se vê um gato vadio, uma encruzilhada para adentrar teu espírito, é fato que isso aqui não anda muito salubre ultimamente. Acordar cedo é tão torturante quanto espetar em baixo das unhas um alfinete, e os cretinos ainda chamam isso de vida, de modo que cá estou eu com as chaves na mão, com meu Marverick roncando enquanto uma vizinha grita algo como uma evocação demoníaca de seu lar, “Que inferno!”, disse ela sem maiores pudores para o horário. Aquilo era de praxe, outro dia ameaçara seu marido com uma escopeta. Sabe-se Deus como ela arranjou aquilo, que tipo de doente mental dormiria com aquele bagulho a ponto de lhe dar dinheiro? Certas perguntas jamais serão respondidas meu caro. Adentro o carro com o conforto que fora proporcionado a mim. Os bancos de couro, a bola oito como minha válvula de vida, a ponto do cigarro já estar queimando, envolto tão em brasa quanto meu coração, de fato minha mulher me aguarda, e é notório que não irei atrasar.

A atração que sinto, é quase como a do câmbio a minhas mãos, tão delirante quanto às mãos dela no câmbio. Esquento meu motor, checo os ponteiros, a gasolina durará ate que a noite toda passe, minhas pistolas no porta luvas, a faca sob o banco, sempre me diriam palavras sobre alguma proteção. No porta malas, ainda existe espaço para corpos junto da escopeta, e das caixas de munição. Por um momento olho-me no espelho, e checo a boa aparência para minha garota, não se pode deixar uma pequena menina dessas escapar. Arranco enfim, e sigo para onde os bêbados não tem mais vez, Rolling Stones no rádio, “Stray Cat Blues” sempre me faz pensar em como é bom corromper menores. As ruas vazias nesse horário são como uma licença temporária para matar, correr, e burlar a lei, de fato nenhum guarda seria avistado nas próximas duas horas, e era ainda pior durante a madrugada anterior. Aqui apenas se vê mais do mesmo, o de sempre, a inundação de seres bizarros e cafetinas voltando para suas casas. A abertura de padarias, e entregadores de jornais ainda nem apontam seus focinhos fora de casa.

O caminho tortuoso, cheio de sete curvas, inclinado e indelicado. O odor dos arredores do centro nada agradável, de modo que não seria nenhum absurdo despertar irritado. O rio por onde sempre passo, fétido, cheio de más impressões, mas quem liga? Certamente não eu, conforto do meu carro, partindo para o nove entre o dez e o oito, preparado pra dar no pé daqui e seguir até onde houver o ultimo posto de gasolina solitário. O cigarro acesso, serve pra me manter mais perto do calor da boca dela, e isso realmente me traz boa sorte. Já passam das cinco da manhã, e penso na droga que seria atrasar-me a um encontro tão interessante, na verdade seria um pecado não iniciar meus dias com o balbuciar dos lábios dela, com a cerveja verde gelada aliviando o clima da garganta, matando minha saudade com o veludo da saudade dela. Certamente iria pro céu pelo clima, e para o inferno pelas companhias, entretanto, aonde eu for ela estará. Que seja com uma pistola sobre as coxas, ou um rifle encarando nossa danação.

Trinta minutos de carro e cá estou, aguardando por ela, embaixo de seu prédio. Ligo no seu telefone, e ouço mais uma vez aquela voz, e lembro de pensar “Demônio, quase dá pra sentir seus dentes roendo meus ossos”. Desço do carro, desligo o rádio, deixo o seu rock and roll penetrar afiado como um sabre, que corte meu pescoço então. Qualquer definição de ansiedade para ver novamente aquela pele branca, olhos negros e lábios vermelhos conseguiria ser totalmente abstrata, absolutamente inadequada, e obscura como caminha a pé sobre as águas. E pensar que um único parto gerou aquela mulher! Sim seria mais fácil imaginar uma equipe médica montando seu corpo com extrema exatidão cirúrgica, do que apenas um conjunto de junções genéticas. Absolutamente a hipnose filtraria meu sangue vermelho, e se acolheria no braço de minha amarração como a cocaína às novas gerações, tal qual o ópio à Coréia e a bebida aos nossos corações.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

“Café, Dylan e distrações!”


A noite sempre começa com o balbuciar vermelho dos lábios dela. Aqui já não mais aquele que outrora outorgava de si o relevo e a forma. Aquele que tirava de um trago a sinopse de uma outra nova história. As fortificantes expressões do cansaço, o português belo e bem pronunciado, adquiriam a profilaxia de novos tempos, de fato. Entre convenções e rabiscos traçados, linhas descritas pelas cartas benignas, extirpavam o tumor de seu “old fashion”. Enfim, encontrara alguém que valha compactuar, desde a sede da coca-cola gelada, à fúria do maço de cigarros amassados. De torniquetes, ao ar da vossa graça. O sorriso, os dentes, e entre tantas, vistas, visitas, sabe se lá o que mais, o negro sempre se pronunciará como uma orquídea. Traços, como se o coração cronológico fosse rabiscado no braço, como se a vida eterna compilada em frascos, e deles as letras para ousar em teu seio. Pousa o leve, e pousa o pesado. O vento sopraria, pelas letras de Neruda da mesma forma que o rosto afeiçoaria ao tumor de Ibiza. O mod rocker mais uma vez convocado. O extermínio do funky bussines outra vez arraigado e tão frio é o estomago, que já me vou ajoelhado.

Nada de aglomerado de vírgulas, que completem o espaço, ou de maltrapilhos fatos que perduram meus recados, fariam mais interessante diria ela a um outro lado. Nem boas ou más idéias, somente as que nos foram agraciadas. Diriam os entusiastas de botequim, que nunca houve um gosto que não devesse ser provado, e sim, eu venho queimando meus litros ainda que de modo figurado. Rimas. “Oh! Rimas”, já se espaça qualquer ímpeto absoluto, destrona e desforra o telhado, de modo algum faz sentido abstrair. Ao inferno em três passos diriam os fracos! Mas eu, bom eu me recuso a não rolar meus dados. Que seja a ultima aposta, mas com ela eu quebro a banca, abro meu novo rastro e forço novamente o esquadro fornicar em seus alvos fáceis. Sabe se lá quando teria outro confronto, e que o embate levaria a minha sincera amenidade. Singular não? Como o café posto à mesa, com sua porcelana elegante. Como um disco de Dylan rabiscando nossos sonhos delirantes, todas as distrações são mais que permanentes para o seu som perdurar vários instantes. Instantaneamente, a Dama arranca do Valete seu vocábulo: “Café, Dylan e distrações!”

Posso ter planado como o Albatroz, envolto em tempestades dissipadas, ou agradecido à sorte que me fora lançada. Mas hoje recuperei muito do tempo que estava envolto em traças. Que me perdoem as strippers, os amigos e agregados. O ultimo tiro eu darei e não restaria muito para ser enterrado. Que seja árduo, rápido, ou mesmo básico. Que tenha o gosto dos teus lábios, o som dos teus ossos roídos pelos meus braços, que rompa a sorte dos lençóis esticados, e que por fim ira valer cada centavo gasto. Não como um show de imagens, ou ofertas parisienses desmotivadas. Absolutamente como a vodka que jorra de supermercados, e o uísque que mesmo velho ainda assim não é gasto, será o nosso ultimo trago. Aceita um cigarro honey? E enquanto eu distraio a groupie, você lhes arrancará cada centavo!

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Cala-te!


A noite estava fria cortando-me a face. O diabo espreitava em todas as esquinas, em seu micro vestidos de cetim barato, seus tamancos com salto alto. Meu cigarro já estava no filtro e a porcaria da encomenda não havia chegado. Recostei-me à parede, uma situação desconfortável nos pés influíam no meu desejo de foder com tudo e todos, ir à casa noturna mais próxima, me engalfinhar com a primeira meretriz que encostasse a minha vista. Tudo em vão! Os poucos pensamentos entre um trago e uma baforada durariam menos de segundos. Noite árida! O tédio corria nas veias e a corrupção não me deixavam outras alternativas, ademais, não parecia me caber muitas escolhas, o cheque só seria entregue junto à encomenda. Merda, tantas mulheres na esquina e nenhuma fêmea, logo essa cidade vai se transformar em um bordel homossexual, e eu não quero estar aqui pra ver!

A esquina pouco acolhedora, não me inspirava confiança. Talvez pelas luzes fracas, mariposas e baratas circulando como civis. Não sei. Talvez fosse só uma impressão de morte caminhando lado a lado comigo. Como um pássaro negro agourento eu daria com esse serviço meu ultimo vôo! Planejei mil vezes isso, e três mil deixei a oportunidade passar, mas isso não é pra mim. Nem mesmo os médicos dariam um atestado de salubridade para essa posição. Angina, maldita angina! Esperar o que de um velho de quarenta anos, isso não é mais pra mim. Talvez seja para a corporação que estoca quilos e quilos de bagulho e ainda extorque de prostitutas seu “café”. Não pra mim. Eu as salvo delas mesmas. Livro a poluição do ar, e claro nem sempre isso pode ser limpo. Uma vez li em algum lugar, a chamada “Por trás da mente de um criminoso.”. Bolachas que sabe do que diz! Quando se vê a primeira gota de sangue sair do nariz é mais apavorante que quando se dá o primeiro tiro. De fato, a primeira noite de um homem é mais estranha do que o seu primeiro crime.

Enfim luz. Algum automóvel promove a luz! E eu já estou sem paciência pra correr atrás dela. Dou alguns passos e espreito. Angustiante essa demora! Já deveriam estar com a encomenda há horas e não vou procurar parar de pensar tão cedo. Ainda nem passam das três. Embora o veículo se aproxime nada pode dizer se é ao certo o que eu imagino. Na verdade nem sei ao certo do que se trata, sou só o garoto de recados daquele bastardo, e que recado de luxo deve ser esse para ter me mandado. As mãos já estão coçando! DROGA! Melhor apanhar as moedas do meu bolso assim evito maiores problemas com a Janaína. Mas ela é tão linda! Poucos centímetros a distanciam do meu indicador, tão macia quando eu a pressiono, e a posiciono sobre certas cabeças. Ah Janaína! Certo segurar você não me fará mal!

Certo o carro parou, é sim minha encomenda! Dou passos largos, atinjo o ápice de minha dignidade! Bato ao vidro, e ele desce! O azul calcinha desse Opala certamente não caíra bem. Foda-se, não estou aqui pra buscar títulos de lanternagem! O vidro desce e a fumaça sai pelas ventas! Que diabo é isso? Meio cedo para mandar um junkie qualquer cuidar de entregas, porra! Algo não está certo aqui! Pergunto se está com minha entrega. Nenhuma resposta e um som estranho de balbucios. Aquilo me irrita muito, como se eu não estivesse ali, como se ali fosse uma avenida de grande circulação! Ora, diga logo, entregue logo e caia fora! Deus precisa de um trago! Alcanço meu maço, acendo um cigarro e a cada trago me refaço! E então sem mais delongas a porta se abre!

- Ei! Você é o cara? – Pergunta ele, ainda com a cabeça dentro do carro, com os pés para fora. Poderia decepá-los ali mesmo só empurrando a maldita porta!


- Que espécie de gente pergunta se eu sou eu mesmo, oras! Eu tenho um nome, uma cara, e ainda to metido em merda até o pescoço essa noite, então é lógico que eu sou o cara! – Respondi! Como se fosse alguma novidade isso para ele!


- Ei calma! Você ta muito nervoso rapaz, não era essa recepção que eu esperava! Teu lance tá dentro do carro maninho! – Lembro de perguntar nos meus botões, então por que diabos ele não abriu a mala? Quando vi atropelei!


- Maninho é a puta que te pariu, filho da puta! Abre logo essa merda! – Já estava segurando a porta, e sim! Seria extremamente fácil!


- Filho da puta não brow! Se liga que não ta falando com qualquer um! Vai te lascar seu porra! – Que espécie de imbecil procura confusão em uma entrega? Não pensei duas vezes mais! O sangue já estava fervilhando. As idéias não paravam de brotar, e antes que ele pudesse sair, enfiei a porta travando seus pés, arrebentando seu nariz e provavelmente o resto de hombridade que ele tinha! A Janaína agiu rápido! Dois tiros bastaram e nada mais de conversa! O ruim desse tipo de serviço é não, não há hipóteses de sair-se limpo! O Sangue do cara era muito vermelho, e tinha um aroma de suco de uvas. Certamente aquele marginal estava doente, algum tipo de infecção no mínimo!


Abri a porta, apanhei as chaves e enquanto olhava pros lados encontrei um guarda! Malditos soldados! Bem, “Janaína Strikes again!”


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Reflexões sobre Jane!


Lá vai de novo com a pistola nas mãos, garimpando seus níqueis no bolso, sondando o velho diabo para rir de si mesmo. Mamãe já te disse que como sétimo filho teria de partir como paria, lançar-se confortavelmente ao sol e caminhar de botas simples no asfalto, é meu caro seu único destino é a auto estrada do coração, onde outrora eu podia ver os rastros que tu deixou. Dedo no gatilho, suzy marie falando bom inglês, e o tipo de verá é o mesmo tipo que esconde nos bolsos. Já te vi vagando pelas ribaltas, tocando cones e abduzido por outros espíritos, de modo que nada poderia fazer para limpar o quarto e abrir mais espaço para uma criatura entrar.

As reflexões sobre Jane, as divagações sobre "smoke the dope" não são tão sinceras, cuidado garoto, os poucos trocados pagam teu salvo conduto. O cheiro da chuva escorrendo no ralo e as reflexões sobre esses e aqueles não te cabem mais. Escute garoto, é necessário não confiar em idosos, de fato idosos corrompem, e exatamente assim te livro do pecado. Enquanto ela degola você atraí, e enquanto eu desfaço o nó você se faz. É meu caro, o diabo nem sempre cobra barato, e o cabaré nem sempre é iluminado. Enquanto ela de luto, em seu indefectível vestido negro de ombros caídos seduz o paraíso, tu não estarás abaixo purgando teus velhos entes queridos. Abaixo do sol, sobre tuas sementes!

Teu russo é melhor que seu francês, teu Galês melhor que o teu hebraico e se Deus não te salva, eu abro os caminhos pra tua alma, sabe se lá quando riria a procurar. Assim como ela você poderá ser Spartacus e gritar ao matar leões. Gladiadura é simples, e as feridas se limpam com a chuva, ou se secam no sol. E assim gaste teu tempo e solte teu rugido.

Enquanto as luzes não se apagarem você ainda assim cadencia teu samba, e ainda assim conta teus níqueis com primazia, de modo a compreender e complementar vossas escalas. Nada de barquinhos a velejar ou diabas a cantar, teu sex dry jamais teria rock and roll sem notar o ar de leveza que as olheiras compreendem. A velha grande maça podre não solta teus dentes, tão pouco cospem em teus pés. Abaixo do sol, sobre tuas sementes!



segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Cai à noite



Cai à noite sobre o dia
Ninguém na escada cantava
Quando a luz do sol esvaia
Seu peito me iluminava
Iluminada, pairava sobre mim a sorte.

De deitar-me ali um dia.
Em nosso leito, nossas memórias.
Cravadas com os dentes, na pele as farpas sob os lençóis!

Cai à noite sobe o dia
Ninguém no convés falava
Quando o ninho que se pôs ouvia
Cai a noite em outro dia
Ninguém na escada cantava.

Nenhuma garoa fugia.
Nem uma magoa existia.
Só a madrugada, só a pouca água, só a tua falta...





* Trecho da Ópera rock "Cabaré de Cego" by Marcus Müller; Mov 11º;

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Auto Piloto IV

Todas as minhas trips variaram de acordo com uma trilha sonora, e inevitavelmente culpar a quem senão ao amor. Sim, o mesmo amor que transmite êxtase e agonia, fúria e sinais elétricos que não seriam desnudos de uma matéria densa. Desde muito cedo, deixe-me envolver por mulheres, das mais variadas, das mais típicas, e em que isso se liga à noite de hoje? Em exatamente tudo creio eu meu caro. A inevitável busca da policia por mim, a aparente morbidez da moça em questão, até a senhora gorda esmurrada. Todos os fatos intimamente ligados à uma incapacidade de ter relações duráveis, de não sequer pensar em ter.

Vejamos que se eu tivesse, jamais teria me sentado e tentado ajudar só por tratar-se de uma linda rapariga, de modo que não teria deixado me envolver, e de fato não seria agora quase como um seqüestrador para a policia. A gorda, sim a gorda eu poderia esmurrar! Sentei-me à cama, já não me interessava por suas evidencias, apenas as minhas, o que eu faria de agora para frente. Acendi o ultimo cigarro dos bolsos. Pus-me recostado à cabaceira, com os pés, pernas e braços soltos em total torpor. Sim iria aproveitar aquele ultimo cigarro como aproveitei de varias coisas sobre a vida. Encurralado, miserável, e completamente patético não me importavam mais analises, ou retóricas, contanto que ainda me restasse a ultima parcela de dignidade que provavelmente ainda tinha em mim. Triste? Pode ser, mas não se pode ter tudo sempre. Não se tem na verdade quase nada sempre.

Obviamente o desespero cedeu a uma espécie estranha de conforto. Logo viriam os passos seguintes, abrir a porta, deixar prender-me e responder por meus atos. Isso soou decente naquele momento, de modo que nem mais uma palavra disse até o recomeço da jovem.

- Digno é morrer assassinado meu caro. – falara aquilo com uma calma tão arrepiante, como se eu tivesse as voltas com imagens soltas no ar. A Tranqüilidade sempre me dava a impressão de anteceder ao inferno, com suas labaredas seu desespero cômico, abduzido por alienígenas vestidos de palhaços em um campo longínquo. E desta forma ela prosseguiu, sem muitas barricadas de infantaria. – Morrer sufocado, ser estripado, isso sim teria glamour! Nada de tiros ao ouvido, antecedidos por choros e rum. Nada mais de ver as mãos cheias de um sangue que não é teu, e que te faz caminhar ao infinito, totalmente finito.

Estava pasmo, do que ela fala tanto que eu não entendo. Como eu só posso estar preso a essa criatura sem sequer saber teu nome? Curiosidade tem limites. De fato, me interessava mais por aquela situação, por estar, a cada frase me satisfazendo, me respondendo, cada obstáculo previsto, toda monotonia, todo o hemisfério Sul, tudo convergia para aquele quarto, de modo que eu já não sabia mais onde realmente teria começado toda aquela teoria, todo aquele estranho mundo paralelo.

Ela prosseguiu:

- Você realmente não sabe o que houve né? Não consegue me responder ou mesmo despir minhas roupas, se quer você poderia me tocar. Eu poderia ficar nua e você nada faria querido. Aceite você já morreu e não sabe disso.

Respondi imediatamente à aquela afirmativa bizonha.

- Eu morri? Sério, que droga é essa que você usou, que também quero provar?

Então fez se o silencio, ela caminhou ate a porta trancada. Colocou-se de costas, inclinou-se e disparou. – Você deu um tiro no ouvido, e assombrosamente bêbado não errou. Dê um minuto e verás tudo com clareza.

Que diabos eu fazia ali dando ouvidos à uma provável sociopata! Sabe é nessas horas que você se castiga eternamente. Nesse momento que você descobre o quão burro você é. De fato, tudo me era extremamente familiar, todo o banheiro, a situação do quarto, e a incrível capacidade dela de notar o meu vicio por bebidas, mas qualquer detetive civil de quinta saberia verificar isso.

- Certo querida, te darei o minuto, vou lavar o rosto sua louca! – Levantei-me da cama, estralei meus dedos, o som propagava por todo o cômodo. Acendi um cigarro, caminhei a finco ate o banheiro. Escorei o cigarro na pia e abri a torneira, ouvira de fora o som da guria sentando, o som da policia batendo a porta e arrombando a sala. Os passos policiais sempre foram mais enérgicos, as sirenes em baixo do prédio já pararam de tocar, sentei-me ao chão mesmo, nada mais do que merecia. Busquei relaxar, fumei, pensei, e imaginei dizer que essa mulher me trancou aqui como refém, nunca foi bom com policiais.

Engraçado depois de certas horas você não sabe bem o que faz, minha solução foi simples. Jogará a cabeça na pia ate desmaiar. Provavelmente cai solto ao chão e com certo risco de um belo galo na face. A policia declararia que eu tinha sido sim vitima dela, baseada claro no meu depoimento, só me restaria responder as acusações de agressão contra a gorda. Dessa, eu assumiria, não seria o primeiro homem a bater em uma mulher insuportável.

O problema de bolar planos, é que a probabilidade deles não vingarem é alta, então me certifiquei que sangue iria ser suficiente, medi a necessidade da minha força e sim exagerei. Nem mesmo duas batidas foram necessárias, cai como um cavalo velho. Não me lembro dos fatos a seguir, ou de muitos outros que passaram a partir dali, sei que no hospital recebi varias visitas, nenhum conhecido, nem mesmo minha mãe. Ouvi, vi e não venci.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Auto Piloto (Parte III)

O que mais eu poderia ter feito? Aquela mulher mexeu com tudo que eu poderia julgar sadio. Como eu poderia estar tão confuso, e como tantas palavras poderiam prensar de uma só vez na minha cabeça uma convulsão tão grande? Estava ansioso pela resposta dela, tinha de valer a pena, tinha de ser merecedora do processo que eu iria sofrer de todo aquele caos que eu criei.

Só aguardava e nem sequer esboçava algum rabisco labial. Seria tão mais fácil se eu não tivesse ido até ali! Poderia estar dormindo, roncando, sonhando acordado com estralas pornôs e cânticos evangélicos que não faria mais mal do que aquela espera. Eu poderia extrair todos os dentes da boca, fazer mil lavagens intestinais, escrever mil sonetos, estudar toda a constituição brasileira, que seria menos moral do que aquela espera, ainda mais de como ela fora interrompida. Em bom e alto som, ela pronunciou as palavras mais sensatas que poderia ter pronunciado para mim.

- Sabe, sempre acho engraçado quando vemos aquilo que queremos ver. Como quando estamos apaixonados. Ligamos o piloto automático e deixamos tudo girar, compramos batons, pós, brincos e vestidos, nos enfeitamos pro outro quando o que mais importa somos nós mesmos. Sempre achei engraçado isso por que no caso do amor, nunca se é por inteiro, sempre se faz isso e em troca recebe-se o absoluto elogio, e de que serve o elogio se ele não é de você a você? De nada, pela passionalidade você deixa de ser você, e passa ser um esboço do que o outro vê de você, tanto que acaba por ver o que quer ver. A mesma situação se aplica à morte, ao nascimento, ao desabrochar da inocência e à perda da mesma. Você deveria saber disso doutor. Sabe, daqui a pouco vão bater a porta dizendo “É preciso arrombar!”, logo depois outros dirão: “ele era tão jovem”. Por fim coroas e visitas em um único dia por um grupo seleto de pessoas será o que irá levar. Promissor não acha? – Seus olhos estavam tão menos intensos quanto o sabor do teu cheio, na verdade eu já não sentira mais o aroma suave de seu corpo, já não tinha mais calma, estava exausto, e dei a ela a chance de prosseguir. Bem era mesmo o que eu queria, prosseguimento. – Me alcance mais um copo, sirva-me que faz um tempo que não bebo, e bebendo sempre articulo melhor, foi assim desde menina, desde que meu pai molhou minha primeira chupeta no seu caneco de cerveja, eu devia ter uns dois ou três anos.

Da porta fui até a garrafa, dei um gole e lhe passei mais um trago, sentei-me à cama e não tinha como não lhe perguntar:

- Quando eu cheguei você parecia tão frustrada, tão absoluta de si e frustrada. O que houve? E uma subquestão seria, por que me tratar com tantas risadas? – Tomei meus olhos a sua face, já um tanto árida.

- Sabe quando se tem tudo nas mãos, exatamente tudo? – Deu uma boa tragada, com os cigarros entre os dedos, tão epicamente marcados que nem Bowie traduziria em uma canção, pos o álcool à entrelaçar suas vantagens vocais e processou seu pensamento como se eu já concordasse: - Então. Exatamente por isso estava frustrada, e desculpe. Acabei socando você por isso. Minhas risadas já foram bem mais altas, meu grau de felicidade bem mais visto. Em 1949 eu poderia ter sido, em 2008 eu nem sequer existo! E nada do que eu poderia ter feito, embora caprichoso, poderia ter evitado meu destino. Depois de anos e mais anos, décadas e décadas pensando agente chega à algumas conclusões. O rádio era uma paixão que poderia ter sido duradoura, o teatro um brinquedo nas mãos de uma infeliz criatura, e o interior uma barreira que eu deveria ter transpassado. E você? Só posso responder se você me responder.

Haveria algo que eu pudesse dizer depois de uma descrição daquela? Eu não tinha motivos para me entristecer, certamente não era o cara mais esperto do mundo, mas também não era um burro. Sim passei maus momentos, mas se computassem todos os pontos feitos da minha infância até minha vida adulta eu teria ainda muitos pontos de sobra. A Infância fora extremamente agradável, a adolescência nem tanto, mas todos passamos por essas fases igualmente salvas mínimas exceções, amores e desamores tive os que procurei, gostos e sabores aqueles que testei, de modo que, como eu poderia refletir minha frustração contra a dela? Pelo visto ela sim tinha tido um grande problema, eu bem ou mal fazia aquilo que me propus a fazer, respeitado ou não, traumático ou não. Tornei-lhe então com uma diretriz:

- Bom, acho que minha frustração é pelas coisas que eu julgava ter, e não tenho. Talvez quando eu emoldurei minha vida, tenha faltado cola para pregar certamente a armação. Não deixei de fazer, o que pode ter sido um erro por fazer mal feito, ou não esgotar todo o tempo em fazer, mas não queria mesmo plantar uma arvore, escrever um livro, ou ter um filho. – Olhei pela fresta da porta e estranhei o silencio das sirenes e a calmaria que pairava. – Estranho! Até agora não colocaram a porta a baixo.

As horas não passam de bobos compassos dentro de desritimado andamentos. Não, eu não estava em mais uma batalha mental, ou artifícios especulativos. Não temeria eu tamanho absurdo, e nenhuma das explicações pareciam ter coerência, de modo que como eu poderia ter coerência, ou mesmo exigi-la?

- Isso está bem estranho já moça! Você me levou à um grau de vicio que eu jamais pensei que poderia ter. Agora a policia vai me prender, a gorda me processar, e eu podia estar tão bem dormindo no calor do quarto. Mas não me impressiono por qualquer maldito rabo de saia! Maldito seja esse rabo de saia!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Top Five.





Solidamente não sei se é mais fácil culpar ou acrescentar algo em uma sopa que já vem tão estragada. Exemplificaria com quaisquer de umas influências literárias, ou mesmo musicais e de nada serviria, é um fato solidamente bizarro que somos aquilo que lemos e ouvimos. Eu era triste porque ouvia musica pop, ou ouvia musica pop porque eu era triste? Paradigmas. Essa frase constitui bem o que eu ou você poderíamos ser juntos, ou ao menos descrever a frustração de não saber todas as respostas a cerca disso, de modo que somos um aglomerado de macacos estudando e constituindo um clã.

A alta fidelidade estaria dispersa em qualquer rainha da idade das pedras ou quaisquer pedras rolantes. O segredo abstrairia um monte de palavras que pudessem lhe dar um sentido, saber o que indica o autor, furtivamente integrar a cena da criação, e obviamente se sentir menosprezada. Sim existira um tempo onde as coisas simples falavam por si, hoje apenas chips, quantidades e necessidades de confetes cercam nossos dias, naturalmente não tão ruim. Nick horby estava certo, como Richards, Dylan e até Roy Lichtenstein, talvez Jeff com seu country alternativo também estivesse, quem eu tenho certeza que estava fora o primeiro ser que inventou o cafezinho, e nada de didático, quer saber quem foi vá ao google.

Meu clã esta torpe, e embebido em velhas canções, velharias e poeiras que entram pelos poros. Cada acaro é um nítido sinal de que opções em mim podem não ter tanto simbolismo, de fato não tem. O brilho dos óculos escuros, das camisas negras, das botas negras, é mais elegantes que isso. Se deus me batizasse saberia que ele existe. Se soubesse que ele existe, talvez te entendesse com mais atenção, e talvez não encarasse como um idiota qualquer.

Se hoje fosse fazer-te uma fita, com as musicas que embalaram o coração do cowboy, você saberia dizer de cor e salteado o porque. Entre cada trecho, cada letra, e cada centímetro de nuances de som não seria nada tão paquidermal quanto Beck, ou Sean, nada tão cósmico quanto Kasabian ou tão ridículo quanto CSS, seriam clássicos.

1 - Femme Fatale - Velvet Underground
2 - Confort Me - Grand Funk Railroad
3 - Beatifull Broken - Gov't Mule
4 - Oh sweet nuthin - Velvet Underground
5 - Lady Grinning Soul - David Bowie

“She'll come, she'll go. She'll lay belief on youSkin sweet with musky oilThe lady from another grinning soul”


segunda-feira, 28 de julho de 2008

Auto Piloto (Parte II)

Naquela altura da vida basear-me no silêncio de nuances assombrosas daquela criatura não parecia ser a opção mais sensata, de fato achava mesmo que não era aquele cenário nada usual e todas as semelhanças e expectativas torpes podiam ao menos convergir mais do que confundir. Obviamente seria um desastre, já era um desastre. Não sei se fui eu, ou se fora ela, quem em absoluto paradoxo imaginário contribuirá para a noite ser tão milimetricamente produtiva, naquela altura já não importavam mais se as mães da invenção eram mesmo conceituais, ou se as pipas de seus avós não sobem mais, de modo que era intrigantemente doloroso pensar, não havia o porquê, mas sim havia esse coeficiente de dor, como se minha cabeça tivesse sido arrancada e meus miolos expostos à qualquer tipo de radiação energética. Por sinal imaginei que seria mais interessante para eu voltar ao meu apartamento, pegar um belo café forte e maltratar minhas cordas vocais com quilos de cocaína, porém estava mais para um anão se reação sob um gigante, do que qualquer grande pugilista esmurrando seu oponente.

- Por que disse que alguém fez merda? O que isso significa pra você moça?

- Ora doutor, eu não tenho todas as respostas do mundo, tão pouco tenho medo de perder meu tempo, tenho todo tempo do mundo agora, adoraria embarcar nessa desestimulante conversa, mas não seria menos obvia não é? - Estava tão absoluta de si, que era difícil não pensar que teria sido uma grande virada de mesa, seria sim, muito absurdo pensar isso, mas de fato, ela tinha mais controle sobre minha curiosidade do que eu próprio.

- Querida, só idiotas respondem perguntas com outras! Diga-me, quem fez merda?

Ela caminhava até o banheiro, e seus passos não pareciam muito coerentes, um certo desequilíbrio alcoolista estava sim preso naquele corpo belo, sim, pouco me importavam agora as perspectivas de seu corpo, era singularmente curioso o absoluto temor que aquela voz me causava, como se as portas do apartamento sempre dormirem abertas, janelas desprovidas de trancas e demais apetrechos, como se minha arma não bastasse para me defender, e foi ai que ela se virou, com os olhos mais verdes que eu podia ver, um verde tão claro que parecia não ter cor.

- Não sou eu quem tem que responder suas perguntas, o senhor tem capacidade pra isso, teve capacidade para vir ate aqui, capacidade para distinguir o que é certo do que seria errado né. Eu só posso dizer que nem a policia, nem mesmo a dona do apartamento, poderá explicar nossa conversa. Mas sinceramente querido. Essa arma não é minha, eu só assisti ao que às vezes já me fizeram. - Voltando-se à sua poltrona.

É não posso negar que aquilo estava cansativo, que toda aquela transpiração ia alem dos garotos com problemas sexuais que eu tinha de tratar, longe das madames divorciadas tristes por que seus cães não recebem carinho, estava mais disforme que qualquer saco plástico, do modo como parecia a situação eu não vazia alguma idéia de como seria o fim de tudo, claro nunca acreditei num fim, mas aquilo era ridículo, era ela quem forçosamente necessitava de auxilio, e eu imbecilmente não conseguia sequer manter um dialogo inteligente, apenas as obvias perguntas, como se eu soubesse o que era, mas me esquivasse da realidade. Que realidade? Eu me indagava. Precisava de mais um cigarro. Acendi o ultimo filho da puta que acabara com meus pulmões, fui ate a porta me encostei nela, pensei e repensei uma frase e independente de ter pensado bem me expus a toda:

- Certo, eu respondo! Você estava aqui com teu amante! Ia tudo bem ate vocês se desentenderem, e sim deu em merda. Ele te deu um tapa, você caiu ao chão, puxou o lençol consigo, quando levantou a discussão permaneceu e houve luta. Novamente ele tentou te bater e você se defendeu, não mediu bem sua força, o matou e escondeu o corpo na banheira! Logo após sentou-se ai e gritou, com absoluto espanto. - Dei uma forte tragada, certo da grande babaquice que tinha dito e pronto para ser confrontado, ao menos aquilo seria algo mais próximo de um dialogo real, já que ela não falava coisa com coisa.

Era interessante como seus olhos reagiram às minhas palavras, como as mãos começaram a suar e o brilho era tão grato a mim que me senti quase como um santo.

- Nossa! Como eu sou má! Sabe, eu não imaginava que era capaz de produzir provas tão facilmente contra mim, e desculpe mais você não é o tipo correto de pessoa pra me julgar, claro, acertou uma peça, faltou o contorno do mosaico.

- Acertei? - Corri imediatamente ao banheiro, olhei o cubículo e ao fundo existia a banheira, os azulejos brancos, estava bem mais amarelado agora seu tom, uma cortina qual eu conhecia bem separavam a mim da banheira, fiquei imóvel alguns segundos, busquei alguns rastros de sangue e nada. Ela ria, mais ria tão irritantemente que de uma vez só puxei a cortina. Nada alem da perda da minha dignidade! Como pude ser tão inocente, teria sido fácil demais acertar jogando uma bobagem daquela. Mas por sua vez, por que ela iria falar que acertei uma peça de um mosaico? Aquilo soou tão realista. Sai do banheiro e pensei no próximo passo que daria naquele xadrez. Prossegui: - É realmente faltou uma parte, acho que a policia não terá problemas para resolver essa parte, estou indo embora, caso precisem de mim, que liguem no horário comercial, tenho atividades logo cedo. Preciso descansar, ate logo!

Ao pronunciar meu ate logo corrompi uma máxima minha, nunca utilizava o artifício de "desistir para ganhar", esse tipo de psicologia infantil me deixava muito nervoso e era pouco eficiente. Era sempre mais fácil confrontar, como diria sua avó, puxar a língua do paciente e dai sim, partir para um analise, entretanto funcionou mais uma vez, não da forma como eu esperava, mas de algum modo ela disse mais uma frase que em mim fez mais sentido pessoalmente do que ao caso dela.

- Dizem os religiosos, "Que descanse em paz!". Deve ser bem produtivo o ócio para essas pessoas. - Acendeu mais um dos muitos cigarros assassinados naquela noite.

- De fato minha cara, todos somos lesmas preguiçosas que procuram comer para morrer cheio, não e a toa que oferecem uma ultima refeição.

- Foi por isso que o senhor comeu antes de nos encontrarmos?

- Não. Isso é mais uma ameaça? Tenho o dobro do seu peso menina! Acho que não seria muito justo da sua parte tentar-me agredir. Seria mais interessante mantermos o mínimo possível ate a policia chegar.

Ela retrucou: - Achei que o senhor estava de saída. Tão bobo, quase como um adolescente procurando cerveja.

Não poderia não rir daquela frase, ou da constatação dela de que eu sim estava mais para uma vitima da sagacidade do pensamento dela do que propriamente de uma analise precisa. Como pude me perder tanto em coisas tão simples! Que imbecil eu estava, bêbado de sono, com dor de cabeça, intrigado, frustrado, torpemente enganado pelo meu objeto de estudo. Como eu poderia parar de pensar naquilo, como me salvaria? Não saberia dizer, nem ela pelo visto, pondo-me a pensar que ela só me fornecia evasivas, tão acida quanto um abacaxi escorrendo na boca, todos esses minutos ainda assim me pareciam horas, e todas essas horas se resumiam em segundos, quem disse que é fácil ir para o inferno mentiu.

Estava eu mais confuso. Primeiro ela tentara confundir, jogando que ali era meu sangue, depois tentara dizer que sim eu acertei em minhas proposições, quando tudo, tanto seu quanto meu, não passou de uma pequena fabrica de brinquedos. Distraídos poderiam sim ver menos do que caberia a uma leitura mais definitiva daquela mulher, eu poderia ter feito isso e não fiz não me pergunte o porquê, as sirenes tocavam e todo o bairro parecia estar já acordado, eu queria alguns minutos amais, necessitava de mais horas com ela. Queria sexo, queria a atenção, queria entender ela, já estava em um turbilhão tão pesado que se saísse agora não conseguiria voltar e me concentrar em outras coisas. Aquela mulher tinha de ser minha de alguma forma, seja a sua psique, seja o seu corpo. Explicariam isso caso eu fosse um seqüestrado, mas naquela situação era mais do que apenas uma atração simples, não saberia como explicar. Talvez eu precisasse morder aquela carne sentir o sabor de sangue escorrendo por meus dentes, e sugar o resto de vida dela para mim. Tão ferozmente quanto um animal pode ser. Rasgar aquelas idéias com minhas unhas e fincar no coração de outrem a frustração de ela me transmitira.

Não pensei duas vezes, ao primeiro sinal de sirenes, lhe pedi desculpas, sai para sala e busquei a porta! Aquela senhora gorda estava entrando, e também não pensei duas vezes! Dei-lhe de presente um belo soco no nariz que a fez recuar com todo aquele peso longe de mim. Tranquei e dei-lhe as costas, a ouvia gritar e dar algumas batidas à porta. Passei para o quarto e fiz a mesma coisa! Transpassei a chave ao trinco, e girei como num orgasmo, em uma desorientação perfeitamente não explicada.

- Sim estamos sós e você ira me dar respostas. Por que para mim de ajudar você tem de me ajudar! Eu quero, e eu necessito disso, para mim já não bastam essas evasivas, já gastamos muito tempo aqui. Diga-me, o que ocorreu? Como Estou inundado de sangue, como você pode estar morta? E porque dessa minha curiosidade? Se for eu quem morreu a policia não terá problemas para abrir a porta, se tiverem dificuldades é sim por que eu não estou morto, logo tão pouco você sua louca!

terça-feira, 15 de julho de 2008

9:00 am.

Engraçado como o dia tava frio, relativo sol, e frio. As juntas já amanheceram doendo por aquele podre infeliz, uísque, lolitas e uma dosagem de sono perdido poderiam levá-lo ao médico diariamente para um tratamento intensivo. O anonimato, a nicotina, o álcool e todos aqueles meses de insônia perdidos, já eram por si só mais do que uns meros motivos para lidar consigo, de modo que a terapia de controle de raiva fora muito bem aplicada pelo meritíssimo. Por um lado, ele vivia a vida gritando, urrando, recebendo alguns afagos nos cabelos e dosando alguns pequenos problemas como qualquer mortal. Vivia em um apartamento nos arredores do centro da cidade, e não via muitos motivos para deixar de ser punk, ou mod, ou rock, ou quem sabe modfucker. O tempo já tinha roubado algumas bobas alegrias e delegado competência a outras. A terapia era necessária.

O consultório situado em uma avenida movimentada na parte sul da cidade, na verdade uma casa, que poderia ser o abrigo de qualquer bem abastado sujeito daquele antro de baratas, dizem que no calor elas caminham mais rápido! Bom aqui isso era testado e aprovado. A casa era velha por definição, mas como diria suas avós, nobres de coração, "Grande merda!", ele sempre pensava, de modo que chegou seu dia de visita, quase um tormento penitenciário, quase uma ancora nas rodas de um opala 73. Hoje particularmente vazio, não saberia dizer se dado ao horário ou dado ao fracasso de dignidade de sua terapeuta. Claro, boas pessoas tendem a cometer erros de dignidade, isso é um fato, de maneira a preservar os bons costumes ele ainda a tinha como amiga, factualmente era, intelectualmente era, pessoalmente também, mas somente pelas receitas de drogas ele ainda visitava a terapia.

As 9:00 am era sua consulta, e chegara as 9:45 am. Irritado, um frio, certo que a sensação térmica não poderia passar de alguns míseros 20 graus, e por definição nada congelante. Infelizmente ou felizmente esse ser é dado à culturas infundadas, praticas forenses impraticáveis e varias e varias cansativas, ou não, viagens ao cerne de seu universo. Entrou ao consultório e foi logo dizendo de maneira agitada e pouco hostil:

- Pode tirar as mãos do bolso e assinar a receita, eu mesmo vou preenchendo no caminho da farmácia!

- João. Não posso, mesmo sendo sua amiga, deixar você se drogar assim. Você sabe que as coisas não funcionam assim.

Claro que sabia. Claro que fazia aquilo apenas pra irritá-la, assim como se auto-convidava sempre pra quebrar os joelhos dos desafetos dela.

- Ok. Eu vou me sentar e você preenche mais rápido senão vou perder a hora.

-Perder a hora de que? De mofar em casa mais uma vez? João você já passou por isso outras vezes, e bem sabe que não é a melhor coisa a se pensar. - A tranqüilidade dela nunca foi uma virtude, era mais para ironia mesmo.

- Certo, certo, atire no cachorro morto. É mais fácil assim! - Sorriu e sacou um cigarro do seu bolso no peito, acendeu, e prosseguiu: - Sério querida, me passa aquele remédio bom para dormir, ando dormindo mal. Muito mau.

- João você dorme mal desde que eu te conheço, não vão ser os remédios que vão te dar sono. Por que você não procura uma amante? - Que sorriso maldoso, seria mais fácil não ter dito aquilo.

- Ah claro, você bem sabe que ao contrário de você, eu sempre preferi Strippers, seios maiores, mais bem treinadas, e o mais importante, pagamos pra não passarem a noite conosco. Quer um Go Go boy?

As risadas já estavam bem altas, de modo que a atendente ligou perguntando se tudo estava bem, respondendo que tudo estava nos conformes ainda pediu à pobre que trouxesse dois cafés amargos. Aquela situação era mais normal do que pudesse parecer, é algo que eu sempre penso nunca se trate com amigos, àquele infeliz nunca me ouviu.

- Olha o café ta chegando, então me dá um cigarro porque os meus já eram João. Hoje acordei tão atrasada que não consegui nem comprar um maço.

- Te dou o cigarro se você me der de presente a sua secretária. - O machismo e a peculiaridade com que contava fácil, o numero de risadas era de maneira impressionante. - Ela parece ser simpática.

- Até te daria ela, mas antes alguém tem que combinar com ela né? - Como aquela peste ria. - João falando sério, você sabe que eu sou péssima como cupido. Sou melhor terapeuta.

- Ah sim, só não de si mesma né. A julgar pelos teus últimos casos você ta pior que eu.

- Você bebeu? - Com um ar de escândalo, confuso com o natural ar de cinismo.

- Não mais do que costumo beber de manha. Hoje tá frio né?

- Frio? Desde quando? Queria mesmo era me mudar, quem sabe assim eu pudesse sentir frio. Sabe andei pensando que me mudar talvez fizesse bem a mim, talvez eu conseguisse me livrar desses demônios de ex-rolos que tenho.

Levantou-se, e buscou a janela, fitou-a com os olhos e lhe respondeu.

- Já lhe disse mais de uma vez, você só se interessa por tipo estranhos de homens. Como quer uma relação se ainda está presa nos teus velhos delitos amorosos?

- Ei quem tem que te avaliar aqui sou eu, lembra?

- Ah claro, só por que uma safada me condenou por jogar uma garrafa em um cara não faz de mim um criminoso faz? Vai saber né, sou perigoso, ou altamente volátil. - Acendera outro cigarro e sentara, o café chegou amargo como sempre.

- Não que isso, você é um doce de pessoa João, é tão inseguro e tão bonzinho quanto uma menininha de 18 anos. Faz me rir!

- É pra te fazer rir, ou pra te arranjar um namorado? Ainda não entendi, falta da cafeína sabe.

As risadas e bons tratos corriam soltos com a imagem do xadrez emoldurado na parede do consultório, poderiam ficar ali, horas e mais horas, dias e dias, conversas que não cessam fácil são sempre difíceis de se acabar, e amizades tão perversas, diabólicas e venenosas quanto aquela muito agradáveis pra se parar de uma vez. Ela assinou sua receita, e lhe deu em mãos, um beijo na face, e quando ele estava saindo ela proferiu suas ultimas palavras:

- Ei, João! Bom dia faz bem quando dito no inicio de uma conversa viu!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Auto piloto (Parte I)



O quarto cheio de fumaça, os cinzeiros amplamente qualificados, quantitativamente. Ao lado da cama, um livro entre aberto, gotas do que parecia remeter ao suor de uma noite amorosa embalada a conhaque, rum, champagne ou qualquer bebida. A marca dos cigarros revelada ao cinzeiro e o modo como ele queimou seguro no descanso do mesmo, partilhavam da falta de tempo, ou do excesso de exagero desprendido na noite. A parede com sua tintura bordô combinava exatamente com a textura do assoalho, a diferença era o marrom infiltrado no mesmo. No canto a descrição exaltada do pavor e da superioridade, um misto de medo, terror e abruptos toques de desprezo. Ela estava sentada em uma cadeira, dessas de balanço, de modo que o gestual compreendia toda a situação, até um cego enxergaria, as pernas sobre o acento envoltas por teus delicados braços, o olhar fixo aos lençóis soltos ao chão, cabelos de quem não dormira muito, a pele antes provavelmente vigorosa, agora num tom tão branco quanto poderia estar sobrancelhas rígidas, um tanto misteriosas, as mãos de unhas feitas sujas de sangue, gozadamente entrelaçadas, fomentaram-me os pensamentos necessários para beber mais um pouco.

Aqui já não se tratava apenas de mais um dos milhares de outros amores perdidos, ou tão pouco de apenas mais um entre tantos lunáticos que existem em qualquer periferia. Não, ela estava longe da parte suja da cidade, longe de ter alguém morto no quarto, longe de poder consumir aos pedaços a carne de todo aquele sangue, de fato, havia muito sangue. Não sei exatamente por que fui eu a ser chamado ao invés de um médico, ou mesmo a policia, seria mais interessante chamar um psiquiatra vizinho do que qualquer autoridade, pelo que consta, ao que tudo indicava era um fato meramente criminal, eu apenas tratava de insones, país e filhos rebeldes, não necessariamente nessa ordem. Mulheres desquitadas, e filhos absorvidos por vícios seria mais interessante pra mim do que todo aquele sangue, toda aquela estranheza de estar naquele cenário. Ninguém se importa em perturbar um vizinho no meio da noite? Essa era uma pergunta a ser feita para aquela senhora gorda que tocou minha campainha quando ouviu o grito. Realmente obesa, eu a trataria facilmente, ganharia um troco, e ela ainda iria me chamar de grande doutor. Claro. Obviamente inteligência não deve ser uma constante para ela, e a frustração e ansiedade a dominam tanto que é mais fácil estar acordada durante a madrugada em salas de chat do que assumir a culpa sobre o seu pecado, seja lá ele qual for. Amenidades pelo amor de deus era o que eu pediria a ele se o conhecesse, ou acreditasse na fé de gente gorda como ela. Bom o fato é que ao adentrar ao território sombrio daquele apartamento extremamente limpo, e o sexismo a tratar daquela vizinha que sim era bem interessante me fez ouvir a senhora "transtorno alimentar". Entrei e confesso não ouvi sequer uma palavra das mil ditas por aquela senhora, tamanho era meu sono, desdém e preguiça, enfim, cheguei-me mais perto da donzela e seus braços envoltos nas pernas, e que pernas eram aquelas deus.

Virei-me dizendo para aquela senhora que era a figura mais próxima da dona da casa que eu poderia contar:

- Será que eu posso usar o banheiro para lavar o rosto?

- Vá em frente meu filho, deus seja louvado por você estar aqui! - Absolutamente insana aquela mulher, o que teria Deus haver com ela me acordar no meio da noite por ouvir um único grito, afinal era só aquilo que ela me dizia se fossem abstraídos todos os gritos, onomatopéias, gemidos e "ai meu deus" pronunciados por aquela boca que seria capaz de me abocanhar vivo como uma tarântula.

Respondi educadamente claro. Lavei o rosto dei uma rápida olhada nas duas primeiras gavetas entre abertas da suíte, e retornei. Caminhei até o cinzeiro, procurando não encostar muito nos objetos ao chão, ou mesmo tocar nas cobertas, chegando bem próximo ao cinzeiro ela grunhiu, o que parecia não ser um bom sinal. Olhei ao lado do cinzeiro e o maço estava ali bem colocado simetricamente com o isqueiro, maço novo somente dois ou três cigarros disparados para os pulmões. Apanhei um, e sentei-me ao chão. Dei uma rápida olhada em suas vestes noturnas, na janela fechada e procurei algo que indicasse alguma coisa concreta.

- Seria melhor ligar para a policia não senhora? - Arqueando uma das minhas sobrancelhas.

- Sim eu já ia fazer isso, ainda bem que sou a proprietária do imóvel e tenho uma copia da chave, senão como saberíamos disso, meu deus! A coitadinha não consegue nem falar, tamanho deve ter sido o estresse sofrido. - Disse isso segurando suas saias, como se fosse expelir um feto do meio das pernas, ou algo pior, vá por mim meu caro, poucas coisas seriam mais bizarras.

- Que bom pra essa moça né?! Não me esqueça disso quando eu tiver que mudar de apartamento. Agora a senhora pode por caridade ligar para a policia, ou eu mesmo ligo?

E foi o prazo das palavras saltarem da minha boca e aquele que um dia fora um pequeno e brilhante rebento dizer não.

- Nada de policia, nada de policia, nada de policia, nada de policia, nada de policia... - e assim repetiu varias e varias vezes em baixo tom, com um cintilar invejável a muitos brasileiros.

A senhora gorda não sabia absolutamente o que fazer, ficou ali estática, completamente entorpecida, imaginei logo que aquela noite provavelmente demoraria a passar. Levantei-me dei um trago ao cigarro, e pedi para aquela senhora fazer o combinado fora dali, realmente a moça estava longe de conquistar alguma argumentação com aquela seqüência sonora. Saiu, e por mais idiota que pareça fechou a porta.



Sentei-me ao chão novamente inclinado a conversar com aquela moça, o ar de pavor, com um misto de satisfação e a incrível quantidade de sangue que havia no quarto sem nenhuma gota em seu corpo, intrigavam-me. Claro não era um detetive de policia e sequer queria ser, mas de fato era intrigante todo aquele alarde. A primeira pergunta que eu fiz afim de testar o nível emocional da dama fora simples e direta: - Quem é a senhora? - seguido de um comovente silencio, quase dava para ouvir os grilos e ratos caminhando e dançando pela cidade, de modo que prossegui:


- Senhora, por favor, diga-me seu nome? Existe alguém que eu deva ligar em que à senhora confie?


Ela se moveu, fitou-me com os olhos, abaixou a cabeça e sorriu. Passou as mãos pelos cabelos e acendera um cigarro. "Mas por que diabos ela vai fumar?" me perguntava a todo instante, quando comecei a pronunciar a minha próxima sentença ela enfim falou.


- Não importa quem sou eu, ou quem é você se não existe mais um futuro. - Seus olhos tão secos e a voz tão suave que não fazia qualquer sentido tamanho pessimismo. Nada seria muito real naquela frase, nem a situação que ela estava se tornara real.


- Mas senhora, como o futuro não existe? Não estamos aqui e a cada minuto que passa já se é passado? Logo já temos um futuro.


- Não, não temos nenhum futuro se não o pos morte. Aquele onde você se encontra com o criador e ele lhe fará uma pergunta simples, "Você é feliz?", e assim que você responder irá ao reino do inferno, pois ninguém na terra seria merecedor do céu.
Aquelas realmente me davam um alento, enfim aquela criatura falava, enfim dizia ao menos uma sandice, assim seria mais fácil chamá-la de louca futuramente. Mesmo assim, resolvi a responder a questão.


- Senhora acho que Deus ou o Diabo tem coisas mais importantes para pensar, se é que pensam do que e nós viciados e problemáticos na terra, e mesmo que estivessem tramando um jogo mortal para definir bons ou maus, qual seria a necessidade? Dado ao caráter humano, não teríamos nem chance de fazermos valer por um sentido. Só me diga. A senhora esta bem?


- Nem eu nem você estamos bem, e você sabe disso!!!! – Ela falou de forma tão convincente que quase imaginei que estava falando sério.


- Certo, mas não sei, sei que fui acordado ao meio da noite, vim pra cá e me deparei com a senhora, e seu quarto cheio de sangue. – Acendi mais um cigarro e confesso que não estava mais me divertindo ou me interessando por aquilo tudo.


- Não! Você nem sabe que está morto. Se prendeu tanto a esse envoltório que não percebe as coisas que acontecem em sua volta, é inevitável meu querida, você não tem mais futuro, agora somente perambular será sua vocação. Levantou-se de maneira a fazer-se valer como pessoa, nem parecia mais aquela criatura tão atordoada. Retornei-lhe com uma questão, dado ao nível de baboseiras que ela dizia.



- Ora se eu estou morto, o que faço aqui nesse apartamento, e como falo com você?


- Simples, eu já estou aqui a muitos anos, passei-me da mesma forma que você, toquei-me por dentro como as cordas exercem a força sobre um piano. Vê, eu sei mais que você. Como alguém com aquele nível de beleza poderia ser tão louca? Não fazia o menor sentido.



- Querida entenda que você esta sofrendo de um estresse pós-trauma, então é normal que seu nível de realidade esteja alterado. Vou até meu apartamento e pegarei uns comprimidos que farão você se sentir bem melhor.



- Se quer pegar algo porque não vai até o banheiro? –Disse-me ela de sobre salto.


- Não vejo motivos, mas se a senhora guarda medicamentos aqui, tudo bem.


Caminhei ate o banheiro abri a primeira gaveta que vi e lá estava, uma dúzia de medicamentos, quase fiz piada sobre serem iguais aos que eu tinha ao banheiro. Retornei e ela estava posta de pé, olhar fixo para fora da janela, nem sequer esperou-me falar algo e virou-se para mim dizendo:



- Que sangue é esse nas tuas roupas e mãos?



Rapidamente olhei, estava inundado de sangue.


- Não faço idéia, devo ter passado sem querer as mãos no lençol e me sujei. Droga! Vou ter que explicar para a policia isso.


- Não vai não. Esse sangue é seu, acredite.


Aquele sorriso dela estava quase me irritando, a situação desconfortável, a beleza de antes já estava sendo precedida por uma agonia terrível, fora a dor de cabeça, pensava “Por que diabos não pedi um café para aquela gorducha!”. E ela ainda prosseguiu:


- Você está em casa, e sabe a dor de cabeça é por culpa sua, boboca. – Seu riso era tão insuportável nesse momento que quase dei lhe as costas. – Você era tão bonito! Pena que não é mais, e agora por bem poderemos nos falar mais.


- Espero sinceramente que não senhora. A sua companhia me faria muito mal.
Caminhou ate a mim, cada passo dado me era uma sensação nova. Nem mesmo a quantidade de cocaína que eu usava era tão intensa quanto aquele trote da moça, minhas mãos tremiam, e minhas pernas incrivelmente bambas.


- Querido, olhe em volta, você sabe do que eu falo, sabe de cada passo, onde está cada coisa, e o mais importante, sabe da arma.


- Que arma? Que arma? – Já estava eu quase descontrolado.


- Só idiotas responde com outra pergunta, e você não é idiota. Me diga querido, onde guarda sua arma?


- Eu não tenho arma. – Disse lhe fitando a verdade.


- Claro que tem. Fica na cabeceira da cama todo dia, você teme que algum cliente volte para te matar. Não tente negar o obvio.
Nesse momento, e poucas vezes na vida, eu sentira esse medo, eu sentira o arrepio daquelas palavras. E ela continuou.


- Onde deixou sua arma? Você sabe onde está! Sabe que usou-a hoje, logo depois do seu ultimo copo. Você sabe onde ela está vamos diga! Assuma o fato homem!
Ela era tão imperativa que foi como cometer suicídio negar.


- Droga! Está na cama porra! Como você sabia disso? Eu não cheguei a usar ela hoje, vim aqui para te socorrer.


- Engraçado então eu te socorri? – A mesma risada idiota, ela dizia com tanta clareza que simplesmente seria difícil negar qualquer coisa.


- Ao que parece foi né?


Coloquei as mãos na cabeça, respirei fundo, mas o ar não chegava, a dor de cabeça estava demasiadamente forte.


- É eu acho que alguém fez uma besteira doutor. – caminhou ate mim, colocou as mãos sobre meus ombros, e como se fosse continuar a falar, calou-se.












sexta-feira, 4 de julho de 2008

Experiência de Blues através da alma





Plano alto como o Albatroz,
Envolto tempestades infinitas,
Vôo com a luz presa entre o bico,
Pedras que cortam não abrem meus caminhos!
Ecos sobre meu céu profundo,
Onde meus gritos voam despidos,
Atravessando a alma,
Distante e sinuoso como o leito do rio!
Lagrimas discretas diante do blues,
E um cigarro aceso em cada braço,
No tormento de não poder falar alto,
Por onde o espírito caminha solitário!
Toco o pulso que pulsa meu tempo,
Onde meus gritos ecoam teu silêncio,
Experimentar ao longo da alma,
Um gosto novo de um velho sentido,
Do calor eterno a cada face,
No andar do tempo ou do meu destino!



* Trecho da Ópera rock "Cabaré de Cego" by Marcus Müller; Mov 24º;

quinta-feira, 3 de julho de 2008

A Espera do Sol...


Sob a sombra de um coqueiro, qualidades desproporcionais à do wayfarer adivinhando a paisagem. As botas enfiadas na areia, a tatuagem cozinhando dentro da blusa negra, a pele borbulhando o tesão da temporada. Sobre a terra paradisíaca, sobre o vento esguio e as temporas sambando, nada poderia ser dito ou arqueado, nem mesmo os boulevares de Francisco de Assis seriam densos ou pequenos, ou mesmo que você não entenda, admiráveis. Mod punk, funky, qualquer bagagem que tenha aparecido em tua vida, esse é o período que se põe a pensar, pesar, medir e comprimir qualquer qualidade ou defeito. A noite pondo-se a sussurrar o que o dia de amanha trará, trataria de qualquer uma das esperas cósmicas do sol, mas não passaria da próxima loja na esquina, empoeirando os lps, livros e costumes aglomerados dentro do espaço. A faísca do isqueiro provocaria certamente um desastre, assim como os riscos brancos no espelho cavariam mais e mais detalhes de uma travessia, de modo que eu, bem, eu estava ali, dizendo "Eu te amo!", "Eu superestimo...", adjetivos não deveriam serem postados por mim, mas o ponto é, estava sim esperando o sol.

Quando o ultimo brilho lunar cutucou as botas, meus braços já estavam postos ao céu, minha cabeça escorada no coqueiro, e sob o chão e eu uma areia irritantemente desconfortável. Alguma coisa que eu pudesse querer estaria apenas cortando minha carne, e eu sem me importar sangraria. Minha face sempre mostra o que não é natural, ou real. E muitos e muitos dias passariam com segundos entre o ultimo raio lunar, e o primeiro respiro solar. Nunca, mesmo eu sentira de fato que não estava fodido, mas entre um espaço de histórias, um cataclisma mundial, ou uma lembrança vaga, eu provavelmente estaria na ultima escolha. Nada é rígido ou fixo demais a ponto de assustar, mentiras são mais sinceras do que você possa pensar, e a velocidade com que elas escapam, fazem de um monte possuído pelo demônio, um carneiro obcecado pelo lobo. Ocasionalmente, eu sentiria que fosse meu próprio amigo, sem o auxilio dela eu perpetuaria andando pelas ruas, festas, esquinas, apenas como mais um a ser conquistado pela hype moderna da futura geração. Nada vai me fazer lembrar mais desses segundos que as constatações memoráveis que poderia ter, ou tive.

Mesmo com os olhos fechados, ou as sobracelhas arqueadas, mesmo no escuro de óculos escuro, o poder de meus braços era de fato muito mais elegantes que o poder de meu espírito. Alguém um dia sussurrou isso ao meu ouvido, disse em alto tom, em boa pratica, em magnífica nobreza de que "...Quebram os ossos, cortam a carne, mas o espírito continuará vivo.", sim é uma grande bobagem, tanto o meu quanto o seu espírito esta vivo contigo, futuro nunca se sabe, deuses compactuariam com isso, se de fato a mitologia existisse, se de modo obsceno as ninfas convergissem ao monte. Naquele momento o que importaria eram as crônicas, as lembranças, mesmo que poucas fossem boas, mesmo que muitas fossem de erros, elas guiam e guiariam à importância do sentido da vida. Esperar é sempre tarde demais, ou tentar explicar sua existência é sempre patético demais quando se pode estar nu na chuva. A maresia, o ar, o ultimo sepulcro ainda demoraria a chegar, e mesmo que eu bêbado viesse a compactuar com isso, estaria por me adjetivar, adjetivos nunca são bons, assim como idosos nunca são bons, entre demais criaturas que passeiam pela terra, dentre saltos e pimentas vermelhas picantes nos olhos.

As explicações seriam simples se o sol não demorasse mais a chegar, e o abismo entre você e eu, seria definitivamente não milhões de jardas, mas poucos centímetros. Rápido algoz, eu não tenho todos os centímetros do mundo, nem mais de uma boca pra alimentar. Esperar o surgimento do sol pode ser uma eternidade quando teus braços estão irredutíveis, suas pernas imóveis, e você sentindo a circulação do sangue ao corpo. Todo e qualquer controle que poderia ter existindo por um brilho que começa tímido, apagando os postes, caminhando do horizonte para cima, um mar que bem poderia ser tocável entre você e a imagem das centelhas de fogo. É meu caro, desde a ultima experiência ate a próxima, a saída de emergência estará bem, mas muito bem trancada. É assim, até que se forme o novo carnaval, ou até o próximo policial te levantar, ou os Para-médicos te cegarem. Adormecer talvez fosse necessário, dizem que dez dias sem dormir matam.

sábado, 28 de junho de 2008

Music When The Ligths Go Out



Aquele acento estava demasiadamente desconfortável. Atrasara trinta minutos, e eu já não sabia se acendia ali mesmo o cigarro, ou levantava e aproveitava um rum. O fato é que na fileira à frente a situação era bem pior, descreveria como um tufão sobre um monte de vacas. Tratava-se de um casal que não parava de se flagelar, e inevitavelmente a curiosidade, que jamais fora uma virtude, tomasse minhas entranhas ao ouvir a frase desatinada da mulher, algo do tipo "te dou um tiro!", é vamos aceitar um tiro com trinta minutos de atraso para o filme seria sim bem interessante. Furtivamente apanhei meu maço de cigarros, e cuidadosamente escolhi um. Ah a fumaça em meus pulmões às treze horas é sempre agradável, melhor seria se fosse manhã, mas não é o caso de narrar meu cigarro, apenas o acendi, o que estava à frente era mais interessante que qualquer filme de adolescentes grávidas vendendo seus fetos. A vista era como a de um set de filmagens, que muito embora nunca tenha participado, faço certa idéia de como seja, de modo que para abduzir um extraterrestre bastariam umas poucas notas de Neil Young. A menina com uns vinte e poucos anos, cabelos curtos, unhas longas, um belo corpo e um ar muito irritado, forçavam qualquer imagem da minha cabeça, menos a dela com o vestido que usara não me interessava aquilo, de modo que a alta fidelidade do casal parecia estar em prantos, ou com um sistema falho de stereo, como gritavam. Ela mais ainda que ele, agitava suas as mãos, forçava uma briga corporal, ele menos honesto, apanhava as pipocas que caiam no chão, procurava falar baixo e em bom tom, como qualquer bom garoto criado por vó o faria. Olhava o tempo todo para os lados, mas sinceramente, era mais fácil notá-lo pela blusa ridícula e a tiara efemina que usava, por qualquer ato da garota, sim senti vontade de adotá-la. Quem não sentiria, diagnosticando de longe a situação.

O socorro do rapaz parecia estar longe, não sei por que, mas era interessante que o filme demorasse mais, meu cigarro quase no fim já, a garota absurdamente interessante, usando de termos tão interessantes, colocando o pobre rapaz em uma defesa caótica, me importava mais que qualquer inicio de cena. Logo já estava eu ali atordoado e imensamente interagido da situação, o que eu prefiro não dizer por hora, mas era sim interessante, logo pensei, mas justo por isso, e logo ouvi um, "seu otário como você pode?". Aquilo definitivamente partira de uma defesa absoluta, e cairia no esquecimento durante alguns segundos, ele imóvel, ela gesticulando, melhor apenas se ela tirasse a roupa. Coloquei meus óculos escuros, como um disfarce sixties, me recostei no encosto de cabeça ao meio deles, claro um pouco abaixo e continuei com minha investida bizarra. Fato que não dava pra não perceber aquele busto, ela era quente, mais quente que o asfalto de Goiânia no verão. Classicamente faria daquele pitéu meu broto, por uma semana ou um dia, mas faria, enquanto provavelmente deixaria o panaca do namorado entre aspas bem singulares, de fato ele já estava bem acostumado a isso pelo que a conversa denotava. Idas e vindas meu caro, sempre são ótimas para destruir amores. Opa. Ela ergueu a mão, rolara um tapa certeiro em alguns minutos, e eu apenas posso dizer, "Ei babe, levante essa mão e dê o tapa em mim, seria mais divertido!", obviamente pensei nisso, e nela andando como uma gata. Mas factualmente e oportunamente ela virou-se para mim, viu e sentiu que eu bisbilhotara a sua conversa, o rapaz, pobre diabo, não sabia onde enfiar a cara, e ela não sabia se me batia, ou continuara a agredir o moço, eu ri, ela riu, e ele cresceu, e logo, passionalmente sobre mim. E logo eu me detive, não era um bom dia pra brincar de "mau", já tinha ouvido coisas estranhas sobre isso em mim, e estava bem humorado pra isso, apenas me recostei, acendi um novo cigarro e disse em claro suspiro, "continuem, continuem.", não devia ter o feito de fato.

Esbravejou, quis vir para mim, e nas palavras dele, "Você não tem vergonha, dignidade?", arqueando as sobrancelhas, como um bobo, claro que eu não tinha vergonha e dignidade não parecia ser a melhor opção para ele, de modo que eu percebia que enquanto ele "surtava", ela apenas olhava para mim, e eu retribuiria tamanha gentileza, seria otário de não o fazer, claro que isso o irritou mais, e ela riu. Ah o riso, era tão perfeito que poderia ate passar o dia com ela sem me despedir na manha seguinte. Agradavelmente dei um belo trago, e cinema não era tão bom, então não se sinta pressionado a dizer, "nossa como ele é mau educado", enfim, a minha tragada e o meu desanimo com o chilique dele parece que não deixou duvidas que o rapaz não tinha sequer uma gota de energia pra embolsar aquela jóia, ela sim, era bem energética, de modo que quando sorria, ele se irritava mais ainda, e não entendia a dinâmica de uma discussão, a dinâmica de como se irritar um parceiro. Sim ele tentou me socar, mas esquivei, e ela encheu a mão na cabeça dele, o que me fez rir involuntariamente, e o fez perder a coragem que tinha investido. Levantou-se, limpou e desamassou sua roupa e sem nem um tchau foi-se, não me contive e tive de dizer, "Mas nem um tchau?" e ela riu, o que me encorajou ainda mais a perguntar, levantei-me, coloquei a mão sobre os ombros dela e disparei um "posso sentar-me contigo?", ela não se importou, mas estava chorando. Chorava feito um bebe, e eu como um bom calhorda, consolava-a, "não fique assim", "Não fique assado". Claro meu caro, a oportunidade está onde está, basta levantar e perguntar. Enfim.

O ignorantemente desconhecido rapaz, já não estava lá a nos atrapalhar, e ela mais calma, começou a conversar, seus lábios eram muito emotivos, o busto bem formado, e que sobrancelhas, sentia a pulsação de um contra-baixo cozinhando com a bateria nos braços, e logo coloquei-me a pensar, "É não vai demorar ate você me dar um tiro. não mesmo.". As mãos já mais soltas e o cigarro já na boca dela deixavam duvidas? Claro, a mim muitas, a ela, mais ainda, ao rapaz, acho que nenhuma dignidade construída, de modo que a briga fora por um affair da própria, e não dele. O grande esporro permaneceria encubado no rapaz por farias gerações, e a satisfação em mim por alguns minutos, claro doces acabam rápido. Absolutamente o que importava era o instante em que musica tocava quando as luzes se apagaram.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Time Dress so fast






- Oi? Pra que perder o tempo sem beber? Você ta tão sóbria! - Sorri delicadamente, com os olhos brilhantes feitos os de gato da meia noite a dar teu salto.

Ela virou-se e sem muitas duvidas expôs sua beleza ao topo da cadeia alimentar - Beber? Pra que beber se eu posso perder meu tempo? Aqui nem tem Martini, nem mesmo sabem fazer um Manhattam. - E ainda sem despir teus olhos negros prosseguiu de modo a deixá-lo absolutamente questionado: - Você fala demais não acha? - Vira seus olhos quase fechados adiante, travou suas mãos sob o balcão e a malicia não lhe faltou.

A partir daquele instante a tempestade durou. Caiu sobre sua cabeça tal qual um elefante gordo. Absoluto, bisonho, mimoso e lustroso. Ele retomou sua postura inicial de olhos a frente, cabeça sobre o pescoço, anatomicamente distinto, absolutamente encantado, de modo que, ela chegava cada vez menos perto, e a distância entre o ego e a estima diminuirá sugestivamente.

- Mais um copo garçom, mais um Bourbon, menos um litro de si. - As palavras nunca foram teu forte, talvez deitar-se sobre tapetes, deleitar-se com costureiras, e abaixar de burlescas seu ganha pão. Outra vez a mesma nota era repetida, sua bravura era exaurida, sua coragem inapta para a sinuêta da ninfeta. - Foda. - Pensou mais uma vez. - Garçom!!! Outro uísque, sem gelo, você já notou como teus olhos parecem carvões espremidos a ponto de se guiarem aos diamantes mais puros?

- É comigo moço? - Ela sem mover-se nem pra mau nem pra bem.

- Sim pra quem seria isso tudo hoje foi um fracasso, só você, eu e o garçom aqui. - Transportou a estrutura de teus ombros para adiante, suas calças justas, sua bota suja, e sua face obscura.

- É, infelizmente já é um fracasso. Ninguém interessante apareceu. - bebeu seu copo de água, e com o auxilio do joelho prosseguiu teu ponto de apoio, de maneira que, ele, sujeito de calças justas, botas sujas e face obscura, colocou-se a frente.

Era nítido o interesse, talvez não o dela, mas o seu sim. Encarou-a de forma tão fixa quanto um tigre a mirar sua vitima, olhou seus pés, com um scarpin preto, suas pernas longas e torneadas, com uma meia calça escura, o lápis cinza de faixas pretas, e enfim a sinuêta perfeita de uma garota que de joelhos jamais provaria aquele sabor. Interessante saber que dentro de uma pequena atmosfera se criara tanta esperança, todos mentem, e mentem melhor pra si mesmos, era um fato. As botas sujas que por vezes o levaram para lá, aproximavam seu dorso ao de sua pequena espécie. A mensagem em língua estrangeira macarronicamente pronunciada em seu cérebro, "Princess I'm a here to conquest your heart". Confesse seu imbecil. Atribuirá a culpa da gula ao pecado da luxuria, confesse!

Um maço e meio de cigarros trazidos e destronados, nicotina, cafeína, êxtase e álcool, doses homéricas de cocaína, entre as proezas que provavelmente separavam sim a ninfeta, sim o cowboy, sim outros personagens sempre giram nas historias entre dois, ou, apenas caberiam menor relevâncias a tais parceiros. O cigarro já estava a tempos soltos sobre a mesa, onde apenas esquentara a boca pra você. Essas quatro horas remetem à três minutos, o período onde sobe, e desce do palco, e não mais a enxerga lá. Que má obsessão, que ótimo subterfúgio para ainda apanhar. Iria sim tocar por nada e julgar divino. O café já tantas vezes pardo, frio e requentado, o cigarro reacendido, e a cordas trocadas. Confesse imbecil, confesse, de maneira obvia e absurda. Reencontre na escada, sorria, e diga alguma coisa não estúpida, de estupidez você já se basta. Arranque a porta, não ligue o que a mãe dela dirá, ou o formato da arma que vai te acertar, enquanto você deixa teus cabelos crescerem, a barba por fazer e se enche de um rio de utensílios, ela te chama de bêbado e conduz um outro passo. Sabe bem como termina essa cartada. Que ética, que demérito, que precisão, por que não? Já que não ensina outro o fará, já que não doma o cavalo, outro guiará cowboy! Você não quer isso quer?







segunda-feira, 16 de junho de 2008

Na rua do Motel de um lado só!


Estava de cinza com listras negras. Sorria e dançava, qualquer forma de fala seria novamente inevitável, de modo que permanecer à distância parecia ser o mais seguro. Velho Cowboy, novo copo de uísque, durante algum tempo permanecia atônico, pasmo e embasbacado, sim, eu percebia, que um velho rabugento nem sempre é tão simpático. Claro, a educação foi mutua, contudo certamente meu mod rocker já não era o mesmo, todo o excesso de preocupação, a cobertura de demências, e o espaço posteriormente imposto, foi de fato, algo a preencher a noite. Dançava, cantava e sorria engraçado perceber isso, de maneira a compreender sim a natureza de Deus, e a forma romântica como ele cantaria um bolero ao desenhá-la, olhos negros, cabelos negros. Unhas que por meu ver não compreenderiam a mim. Sim, isso parece rememorar o fato. Minha cerveja escorrendo pela garganta, e o meu desejo de sentir ao menos mais uma vez, em vão. Tudo é sobre sexo, já diria Lennon, e não é um dos meus poetas favoritos. Meus dentes sobre o ventre desnudo também não seria uma má idéia, claro que não. Tudo é uma questão de prática.

Obviamente a sensação não era desagradável, por alguns dias o uísque foi diamantado, e por alguns instantes imaginei que fosse por mim, quanto mais sujo, e mais feio, mais ela gostaria de mim. Somente assim? Meu ego diz que sim. Essa é uma daquelas mulheres duras meu caro, uma daquelas que faz com que você converse com seu ego infinitamente, ao menos se não a vejo como carne, é assim. Faz meu polvo voar, minha fala não rolar, meus dedos computarem. Enfim. Creio que devo mais à essa mulher, do que ela à mim, de modo que ela me gira tão firme quanto poderia, desde seu vestido, ate seu tornozelo, tudo compõe a livre canção do "Sinta-se bem no verão". Nicotina, cocaína, valium, álcool e outras coisinhas, jamais dariam o gosto de roubar um beijo. Levar um tapa talvez, divertido talvez. Moralmente servira de muito, praticamente de mais ainda, as botas, o cabelo crescendo, e a barba refeita pode apostar, serão novamente absolutas apos. O moicano retrô nem teve graça, a as piadas sempre mal contadas. Stoner, permanece sempre bêbado. Clarividências da vida.

Restaram poucos cigarros, esquentando a boca pra você. Faltaram muitas garrafas pra um velho punk, gordo, inchado de ácido. Todos querem diversão com sua garota, todos querem ouvir que nessa noite será passageiro, quer ácido, vá comprar meu caro. Pedras no caminho, fodem com você, polvos que saem dos braços podem agarrar você e só você sabe o porquê. Grande ideal, o que fazer em caso de incêndio é deixar queimar, já deixei o suficientemente pra entender que eu jamais seria tão abstrato assim. Pin ups, cerveja, cigarros. Dores fortes no estribo do cavalo chucro, sim o cinza do meu lápis e o negro dos teus olhos. Sinta-se a vontade de rechaçar, cachaça nunca foi demais.


Cowboy que Vive em chamas?


A capacidade média, a pronuncia perfeita a completa graça que estripa o fígado e proclama a sua sabedoria, dentre sua estirpe e tal “ninhagem” me vejo aqui, cá estou, muito além de outras possibilidades, muito aquém do que vós definitivamente relegais. A sorte bateria como um diamante lapidado nas mãos de um bobo urso Teddy, em um jogo de xadrez onde o peão tentaria adivinhar todos os receios de tua chegada. Tão falhos quanto absurdos serão proclamados em teu nome por outrem. A capacidade humana sempre entrega mais do que quer se não há certo cuidado penitente, de modo que eu jamais desprotegeria vossa graça, jamais levianamente trairia nosso compacto, se é que de algo existiria, dentre os meus cigarros, os teus por quês, e alguma outra verídica vergonha. É assim quase todo o momento, de tentarem vasculhar meu lixo, à corromper um sistema que vinha funcionando, de fato lamentável quando se quer saber ler e não consegue entender o idioma. Viva o beneficio da duvida. Viva a extrema velhice, gorda e careca de um mod rock, cowboy punk. É e sempre será um duelo entre meu ego e eu, e transpor isso para quem quer saber de mais é sempre ridículo, infame e idiota.

Ate-me, penso que quando tu chegaste o verão já terá passado em Teerã e para que servisse tantos utensílios narcóticos, sem a apresentação eminente dos olhares, dos flertes e dos demais animais. A comemoração do ano novo é muito mais interessante, quando se sente bem na batida do verão, e muito mais engraçada quando se é analisado e acaba que por saber mais sobre o outro. Sim eu sei que você estava ali, à minha sombra, trocando olhares, formas cintilantes, ouvindo com certo sorriso de Mona lisa. Califórnia sempre espera, assim como abaixo da ponte pode se ter mais privacidade. Ossos do oficio minha cara, destino insólito, fontes verdejantes de mares e desterros sem fim. O tempo se veste rápido. O uísque sempre diamantado, com gosto de cozumel.

A hesitação de qualquer carro guiado, ou qualquer brincadeira é simplesmente mais um brinquedo dentro da moda, do estilo e do teu compasso. Interessante sempre achar que se pode ouvir ou ver teus olhos milimetricamente maquiados, o aço no teu nariz, e todos os acordes agora são pra ti. Paciência a quem não entende, sorte a todos os que vêem e não te tocam. As minhas lembranças nem sempre são saudáveis, tão pouco são ricas, mas eu me lembro como ela sentou.

Os quilos de jóias jamais poderiam descrever tal forma, tanto passo, tanta qualidade, tantos sorrisos, realmente é difícil ser especial para um cowboy que vive em chamas, mais difícil me balear, você baleou, apesar de saber que não leria um folhetim como este, teria não mais que duas mesmas consoantes em seu nome e vários cacos em meus pronomes.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Uísque Diamantado.


Tarde já, atrasada, anunciada já terceira cerveja quente sobre a mesa. A impaciência era só mais uma das virtudes da noite derramadas na mesa e lá se ia quase um maço de cigarros, jamais conhecer alguém denotava tamanha expectativa, de modo que eu absolutamente jamais demonstraria tamanho gosto. Os ponteiros do relógio ainda analógicos prestavam a ultima homenagem ao meu corpo, de forma que minha barba imperfeita soldada aos meus cabelos castos premeditavam qualquer vislumbre. A luz não ajudava a pressão da noite tão pouco, naquilo pensava que a melhor expressão artística não seria a minha dentre os olhares curiosos, sinceramente não foi a minha. Enfim ela chegou, de fato meu mod rocker, meu punk rock, ou funky businnes não fazem nenhum sentido perto disso, é possível se atrair e desviar o olhar? Possível compactuar com tamanho libido contido? Meus senhores acho que não. Divertido foi, de fato.

O seu olhar maquiado milímetricamente lento, o sorriso bastava para obstruir uma avenida, e provar um velho sabor não seria algo que eu não quisesse. Mais do que qualquer arma de fogo, tiros e arranhões dessa mulher seriam pouco pra mim. Xadrez envolvia uma sinueta perfeita, claro Roberto Carlos às vezes não é tão boçal quanto aparenta. Notas? Votos? Que se dane meu filho, eu não ligava, mas também sinceramente não arriscava, valeria mais a pena estar obcecado, usar tanta nicotina, a ponto de doer as entranhas do que provavelmente perder tamanha versão nova de uma outra velha história, viriam os arranhões, mas as frustrações também não faltariam, de modo que já me pôs a pensar. Confesso não penso bem sobre pressão, qualquer troca de olhos não seria a mim de mal grado certamente.

Deu meus tragos, certos de que eu já vivi por ai, passeei por dentre muitas cenas parecidas, e sim outra garota que me faria vender os rins. Provavelmente seria um mau negocio para o futuro, mas perto do que o presente pode apresentar já me exponho a tal pensamento, "Valorize sua Namorada", as favas com isso, se não valorizam eu o faria com esta pequena, de modo que provavelmente seria mais um filho da puta egocêntrico futuramente, como definir o futuro? É realmente mais inteligente fazer as perguntas do que não responde-las. O fato é que gago não sou, mas as cordas tremiam ao lidar com ela, outra forma bisonha de enxergar a vida, de fato me senti novamente um garotinho elevando olhares a sua professora.

O treino não bastaria qualquer stripper não me bastaria mais, e acredite isso é grave. Dentre tantas questões, dela eu não saberia avaliar a verdade, isso me instiga cada dia mais, por que em um universo repleto de seres avaliáveis, ela não? Monta-me a velha teoria de que eu realmente, quando envolto, não defino nada. Não sei o que é certo para poder contar, ou dizer, ou beber, de maneira que, acabo por ser novamente pequenino, Napoleão que o dia. Brinque com fogo e se queime na fogueira, ou o que se fazer em caso de incêndio? Deixe queimar. Califórnia poderia esperar mais, o Taiti também, os olhares, não sei, talvez nem se cruzem, e o pentecostes remontaria "Deus não sabe o que me vale". Erasmo também tinha razão em muita coisa.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sinta-se Bem na Batida do Verão!


Nicotina, cafeína, codeína, Álcool, THC, clonazepam, testosterona, e muito sódio. Após algumas horas, um seguimento simples, pratico e bacana. Senti o vendo no cabelo, deitado na rua solto no deserto, promessas já não te importam mais, promessas são promessas. Qualquer coisa que você faz, é da sua conta. Dirigir seu Mustang negro como um gatinho afável, sentindo a energia ou falta dela nos punhos. Olhos à frente, cabeça esguia e uma forte fome, qualquer semelhança é mera coincidência.

Os batuques negros, entre os bits rubros. A solitária te aguarda, branca, simpática, determina-te como a um papagaio. Qualquer semelhança já nem é tanta coincidência. Sente-se eu vou te contar uma porção de fatos. Afie teus olhos, a qualquer momento as tuas lembranças cairão como um roteiro rotineiro que embaralha tuas vistas inebria e entontece. Sim Tu que és grande, agora mais ainda animado, cairias no sono leve, despertara irritado, e acordará com dores nas juntas. É fácil simples e nada barato, mas sim, é um barato.

A qualquer momento você achará uma nova faixa, procurará alguma outra canção, e rememorará a transitória fase ártica. Sinta-se bem, afinal estaremos no verão, a moda já está mostrando sua nova coleção, você acompanhara ou não isso não importa. Realmente, não. Muito mais do que vezes eu te verei voltando às pequenas pressões, e você ira sim, cantarolar, caminhar, ler e sombrear, de maneira mais improvável e imprópria e impossível. Toda essa ética se fode com o começo, meio e fim, de modo que esta marmota não é apenas mais um "espanta cachorros" de primeira, de maneira que dane-se. Sobre o que mesmo conversávamos? A sim, sobre o verão.

Não acha estranho estarmos aqui, baseados em uma imagem, lendo um texto fictício, densamente provocante? Bobagem, ele não é denso, tão pouco provocante, cada linha que você pensou eu abstrai. É essa a minha mágica. Tu que sabes muito bem, qual é o cowboy ou o Sheriff, de forma que, cada vez é mais amável te torrar o saco. Cada vez é mais impressionante a forma como teu desenho renova e remonta meus cacos. Ora por que falar na terceira pessoa, você e eu somos bem parecidos, semelhantes. A única imagem diferente é aquela que distorção que a sombra de meu peito propicia, realmente você é bem mais obeso que eu.

Não deixa de ser intrigante que entre tantos medicamentos, e tantas distrações eu consiga por meios próprios do meu pó, confiar à humanidade que você sim existe, assim como as bolhas de ar que ninguém percebe. Claro à outras maneiras de sorrir assim, não tão divertidas ou penetrantes, tão pouco sexys. Vai mais um trago aí? Claro que vai não é. Às vezes é mais interessante achar que você obriga toda essa ação.

Enfim. Não sei quem é o certo entre Deus e o diabo, sei que eu pesaria menos se não tivesse que carregar você. Odeio o verão, você sim gosta. Maldito punk Gordo!

terça-feira, 20 de maio de 2008

All Blues is gone after Midnight Cowboy!





O fusca era tão apertado, como compete a qualquer fusca ser, isso estava longe de ser um incomodo, entretanto o estofado bordô recoberto com riscas de zebra, sim era de extremo mau gosto, não que fosse um problema já que o automóvel nem meu era. Nos pára-brisas alem da sujeira sujeita à pombos, um escudo do clube de coração, sim ou o carro era uma herança ou ela era completamente rubro-negra, abusei de sua hospitalidade e simplesmente explanei sobre aquilo, de modo que ela tão abruptamente parou o carro que minha face foi de encontro ao console.

O desconforto agora sim uma cicatriz proposta no formato da Virgem, a santíssima trindade seria algo completo para um agnóstico como eu. Descomposta de sua leveza ao volante digna de uma Greta Garbo sem carta de direção, ela apenas pos suas mãos sensatamente sobre o volante, retirou suas sandálias de marfim dos pedais e prontamente prestou me socorro. Claramente ela não sabia de si, eu tampouco. Devido ao desconforto e a pouca sorte da noite, um trauma com Fuscas, estofados gritantes e escudos pitorescos futebolísticos, o saldo da noite não seria tão miserável, exceto pelo que viria a seguir. Ela ligou o radio. Oh sim! Aquela caixa de abelha não permitia a eu ter pensamentos, enquanto trocava de estação lembro-me exatamente de ter pensado algo do tipo "Que merda é essa?", mas não tenho certeza, o desconforto sonoro era obvio, sem contar que em nenhum momento ela disse uma única expressão lingüística boçal. Poderia algo ir, além disso? Temia que sim.

De fato, foi. Bem alem das terras charmosas da Avenida Portugal, adentrando as terras sombrias mais não menos interessantes da Rua Lisboa, a pequena "terrinha" em poucos passos. O rádio soava Roberto Carlos, alguma coisa dos anos setenta dele, não dava pra adivinhar pela sintonia mau efetuada. Sim um ataque de ansiedade era a ultima coisa que eu poderia esperar dela, sem nome, sem fala, eu só pedirá uma carona, de modo que nada alem de pedir para descer eu poderia fazer, juro pensei nisso, mas com aquelas coxas e aqueles lábios seria no mínimo leviano ao tentar algo do tipo. Chorava como um bebe, dizia não ter culpa de nada, e eu imaginando "de que raio de mundo esse ser saiu...", ela prosseguia com uma leveza nos soluços de seu pranto irritante, aquele ataque de ansiedade só poderia ter duas razões, a primeira um descontrole emocional nítido, baseei essa teoria no estofado, a segunda razão obvia seria a perda do ente dono do automóvel, o que explicaria uma moça sair em um fusca as três da manha, evitei confirmar qualquer de hipótese, não queria interromper o fato, mas estava de fato curioso estranho não? Enfim não liguei.

Enquanto o relógio desperdiçava seu tempo girando, ela chorosa, combinando um ar de mistério e curiosidade com um absoluto poder de conhecimento, eu apenas me intrigava mais, resolvi abrir a boca:

_ Olha se quiser me deixar aqui está bom! - Exclamei orando pela negativa de minha frase, não deu outra, ela logo limpando os olhos rebateu: _ Não! Prefiro ir pra outro lugar, no caminho agente decide se você vai ou se fica. Certo?

Ora o que eu poderia fazer com uma mulher no volante daquela forma, a não ser concordar? Não seria eu a deixá-la sozinha naquele estado, certamente disse: - Tudo bem, mas não prefere ir a um canto melhor da cidade, onde possamos descer do carro e andar nu rindo de macacos? _ Sim infelizmente eu disse isso, as palavras brotaram de minha boca de modo a não conseguir evitar minha canalhice. Logo pensei "Merda, ela morrendo aqui e eu propondo um Motel." Satisfatoriamente ela riu o que não poderia deixar de ser uma habilidade em efetuar disparos no meu solto coração. Aquilo me encheu de empatia, me trocou qualquer expectativa ruim, qualquer sintonia mal efetivada de Roberto Carlos. Ligou novamente o carro e partimos.

O fato era que naquela circunstancia, qualquer coisa que ela fizesse já era lucro, mas notei que valia mais que isso. Já passavam das quatro. Uma hora de carro, em um caminho de trinta minutos, certo que havia alguma falha naquela vestuária sob as carnes. Subimos algumas quadras, e sim lá estava a melhor avenida que um ser humano pode encontrar a avenida que liga Estados, o fim de qualquer cidade, e realmente o inicio das perversões mais divertidas que um podre cowboy pode alcançar, um road movie, um trip movie, qualquer artifício para explicar a Alameda dos 200 Motéis seria completamente desnecessário.