domingo, 30 de dezembro de 2007

Pin Up's



Estava ali, parada, encostada em uma pequena mureta, sorrindo alto, cabendo dentro de si todas as fortunas daqueles pobres infelizes que a cercavam. Usava um pequeno vestido preto, nada formal, e como se fosse uma premunição de meu velorio, eu infelizmente comecei a sentir-me vivo. Acendi um cigarro, não, não fui dizer-lhe nada, apenas admirei. Sentia o cheiro de seu perfume empreguinando minhas narinas. Seus olhos como duas balas pontiagudas, pareciam apontar o cano de um rifle, sua boca, apesar de sempre entoando algo à terceiros, apenas imaginei ecoarem um sussurro ao pé do ouvido. As mãos estavam prontas para abraçar o gatilho e disparar qualquer quantidade de veneno sobre mim e com suas curvas, tão quentes quanto o asfalto ao meio dia ela poderia esvaziar qualquer rio, drenando a agua completamente.
Eu estava ali completamente dopado, meu cigarro já na metade, o café esfriando, mas aquele momento justificava qualquer alusão ao Senhor Miller e seu jardim japonês. Senti, o suor descer em minha coluna, e o sangue correr mais uma vez entre os punhos, e pensei: "Que graça sorrir!". De tão forte era a imagem, senti que poderia passar dias ali, sem agua, sem comida, como um mendigo cruzando o deserto, e talvez somente talvez me refestelar com um grande banquete após a jornada.
Sentei-me, as pernas já cansadas, não controlavam mais meu peso, embasbacado o único movimento que me permitia era o de fitar lhe os olhos, ajustei-me, joguei meu café no chão e me questionei: "Mas isso me causara infortúnio?", logo outra parte dizia, " Se você quer sentir isso, vá é pegue!", logo lembrei, ando ouvindo muito Paul MacCartney e Badfingers, como poderia pegar, como qualquer imbecil, fiquei quieto. Era como se o demônio segurasse minhas mãos, o desconforto completamente agradável, até que o café acabou e meu cigarro apagou.

Logo me deixou só, muito baleado e hipnotizado, como a imagem de um folhetim. Foi o sorriso, foi o jardim. Levou consigo o vestido negro e um legado que eu não saberia expressar ou entender. Enfim Dias impacientes, noites quentes, um calendário preso e pequenas memorias.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Cole Porter Songbook


Sob a luz de uma tola lembrança, algumas linhas traçadas no papel manchado de tinta preta, poucas e boas linhas tremulas escritas, clichês e nada mais. Ao som do sax, do piano, do contra-baixo acústico, lá estava ele sentado mais uma vez tentando traçar novos planos, o fim do ano chegando, uma força estranha tramitando em seu peito, seu cinzeiro sujo, como sua vida suja, tudo fazia sentido antes do ultimo baile do submarino, seu terno risca de giz, sapatos engraxados, bicolores é claro, uma garota à espera e uma sensação de que sempre foi tarde, agora sim, com a barba mau feita, o terno, já só mais um pedaço da antiga classe risca de giz. Agora apanha seu maço, vazio, seu copo quase lotado, a voz que sempre te atordoa dizendo "já vai tarde...", uma imagem franciscana, um Boulevard a frente, uma garota ropodiando e brincando com seu brinco engraçado.


Sim esse senhor está no fim da festa, a festa passou e o ultimo tango já tocou, enfim só jazz resta, não está mais refinado, definitivamente acabado, com a brutal desolação de seus aposentos. Tenho que lhe dizer querido pragueja contra si mesmo em bom e claro som, você sempre se contradiz. Que tal um gole pra acalmar meu irmão? Você já está velho demais para sentir isso, para que brincar com tanta efusão. É viaje, pegue o carro, ou o trem, ao menos se existissem trens por aqui não é... Sim eu sei do que padece, mas nada que uma boa nova não resolva, saia, animo homem! Não vê que todo esse modernismo, toda essa escola alemã não passa de aparência, infâmia? Ouça o timbre do sax, nada de novidades não é? Agora sim, responda! Me mostre toda sua própria sentença.


Ainda desolado, como suas poucas e boas fracassaram, teus dedos cosam, sua barba cosa, mãos na cabeça mas nada de assalto, apenas te furtaram essa pequena emoção, dignidade irmão. Nada que a frustração não resolva. Mesmo assim ainda pensa, no retorno do baile, nos pequenos segundos que duraram a ultima sessão, claro, não seria diferente, sente que a cada segundo do passado, é que sua releitura pós-trauma remonta o ultimo passo. Sim, valeu a pena não é meu caro? Animo, tome um trago, o ano está quase virando, novas virtudes provaram sua carne, outras longitudes atingiram seu cansaço, outros bailes. Ah! Outros bailes! Não sente o frescor da noite, do creme pós barba, a limpeza quase santa, o sanitarismo alcançando a sua maior graça, teras outro terno, outras noites, outros maços, outros tangos, cansaras de escutar "I love paris", havera mais belos momentos à sós e sim esqueceras de mim, o tão apontado Jazz.

Tempos Modernos ...


Caros leitores, senhores de pouca fé, e insignificante relevância. Tomei nota a poucas horas atrás que as relações modernas são cansativas e enfadonhas. Explico, com o andar da carruagem, a relação magica da tecnologia, a luz estapafurdia do dinamismo social e os sentimentos emocionais cada vez mais narcisistas, nós estamos prestes a explodir em uma confunssão amorosa inimaginável. A cada momento a moda institui novas tendências, e conjunto a ela, a sociedade parece simplesmente aderir ao método mais fácil de controle de seu bem estar, agora que bem estar é esse eu não sei. Todas essas tendências resumem ao meu ver como um pequeno dicionário de termos jargões e clichês que apontando pra um único pensamento, somos todos mais preocupados com nossas próprias inquietações e angustias, que estamos incapazes de enxergar um palmo à nossa frente, e quando se trata de relacionamentos a coisa toda ainda piora, exaurimos em um aglomerado de infames desejos individuais que quando vemos estamos sendo, não um casal, mas um individuo, e quando isso acontece acreditem, é melhor correr, porque os tiros são interminavéis. É como uma metáfora à Alice no país das Maravilhas, estamos tão boquiabertos com nossas novas tendências que deixamos de alcançar o bem comum, seja ele com uma relação amorosa, ou humana. Estamos mais preocupados em "voltar pra casa" e parar de crescer que vemos em nós mesmos uma grande "rainha" com um exercito de copas a nos perturbar. Essa nova e estranha relação que o homem moderno parece inevitavelmente ter aderido, essa forma de narciso enxergar seu espelho, creio que tenha transformado em um "Às" na manga para o ser moderno, chegando ao cumulo de em uma conversa em que a pessoa não para de se exaltar, e você esta completamente apoplético com o excesso de informação pessoal jogada a revelia, e essa pessoa do nada solta a máxima: "...mas já falamos tanto de mim, vamos falar agora um pouco de você!" dai você logo imagina, nossa que otimo o bombardeio mental cessou, mas eis então que ela completa: "Então me diz, o que você acha de mim?", com essa acaba qualquer chance de um encontro mais intimo. Esse narcisismo nojento e claro, é apenas mais uma de tantas e tantas formas de se dizer, "Ei olha pra mim, sou tão amável...", o que parece hoje ser uma grande constante. Mas o que é pior é quando você se engana, achando ter encontrado a parcela de culpa amorosa da sua vida, e com o passar dos dias o exagero de vontades, tanto sua, quanto dela, acabam por desgastar e remendar a relação, isso quando a pessoa em questão não sugere que você está querendo obviamente competir com ela, o que geralmente é quase uma blasfémia, é aterrador.


Imaginem vocês a contradição dos tempos modernos, por um lado você esta a ponto de explodir o mundo por teus desejos, e por outro você sente cada dia que passa que necessita de uma companhia amorosa, e no fundo sabe que precisa doar pra isso, mas a contrapartida, é que você sempre vai tratar essa relação como um "brinquedo novo", você sempre vai ser mais capaz de sentir ciumes, do que dar o direito do seu amante de sentir o mesmo, e quando ele sente, você normalmente acha otimo, porque pra você aquilo demonstra o quanto ele necessita de você, dai te pergunto, você também não é Narcisista?


É caríssimos, melhor mesmo pegar a estrada, assumir sua individualidade, e parar de lutar contra sua própria natureza, relações amorosas ao meu entender, não são bem o seu forte, entre para o grupo dos que sabem que tem alguém por ai na medida certa pra você, mas cansou de procurar. Acenda seu cigarro, tome seu conhaque, vá até o pub mais próximo e reclame do governo, ou da vida artística de sua cidade, e por fim termine a noite se achando "descolado", ou querendo eternamente mudar de país, infelizmente isso tudo parece ser tanto pra você, quanto pra mim, terapia as vezes faz bem.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

I'm Not There



Tempo de apanhar um cigarro, uma pele de zebra e uma camiseta e outra pequena, bobagem, quantas mentiras e meias arrastões podem ser ditas e usadas por um ser humano? A vida antigamente cheia de pó de giz era mais agitada, agora um livro, um beat, e um blood mary com uma pitada de tabasco já me basta. Estranha essa sensação de perda, estranho saber que nunca e jamais você como individuo vai saber do que se trata, bebera mil doses, e um trilhão de vozes você há de ouvir, mas jamias vai saber o que é se sentir saudavel. É meu caro, a vida passa e com ela as propagantas os brinquedos, e toda essa sopa enlatada que você bebe aumenta, e em cada momento desse, são as pequenas coisas que realmente importam, nada de luxo importado, nada de fumos saturados, são sim as pequenas coisas que te diferem do resto, uma nota musical, uma berlinda, uma luz que se acende no cerebro dizendo: "Ei você não precisa disso!", autoritária. Antes as fotos eram mais interessantes, a comida melhor as noites dormidas mais aconchegantes. Antes era a certeza que eu hoje não estaria aqui, agora vem a pobreza de pensar que o antes era apenas mais um de tantos erros que eu cometi. Certa vez escrevi um canção baseada em um poema de P. Valery, não me recordo agora o poema, mas tratava de agradecer a deus por tudo que se passou, por todas as coisas realmente ruins que aconteceram, dei o nome à isso de Préludio, e é esse Préludio que volto a insistir.


Mas enfim falemos de coisas boas, Dylan no cinema, na verdade três, quatro, cinco Dylan's, inclusive uma menina que vale por dois. No Link existe a resenha do filme, logo darei um jeito de postar o proprio.


http://www.omelete.com.br/cine/100008320/I_m_Not_There___Festival_do_Rio_2007.aspx





terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Maggie's Farm...

Realmente é bem estranho você ficar velho, concorda? Não? Dane-se... Mesmo assim vou explicar, trata-se de uma simples noção que se ganha com a idade, e uma característica bem singular que se perde. Bom se ganha a noção que você não é o único nessa merda de mundo que tem que se sustentar, essa noção de insatisfação que o trabalho nos dá é um grande inferno, a contra ponto, você perde a energia que tinha quando era guri, juro por deus, se acreditasse nisso, que odiei essa perda. Bom infelizmente crescemos, muitos vão constituir família, o que confesso já pensei, mas hoje penso ser uma bobagem, adquirimos obrigações, civilidade, critícidade, boas maneiras, e etc, dai te pergunto, você ganha tantas coisas sem importância e perde justamente a única coisa que te fazia parecer um animal, isso é justo?

Creio que não queridos, quem dera ter a sagacidade de um animal, saudade desse tempo, sangue correndo no chão e muito pouco "juízo" pra se preocupar com algo. Mas enfim, se ganha experiência diz o senhor de meia idade, crédulo, resignado, tenso pra caralho, mas que nunca vai assumir isso, não ele, esse senhor é espiritualizado; meu caro quer coisa mais imbecil que isso?

É aterrorizante, agonizante saber que algo pode vir a te domar tão fácil assim, "Mas por que cargas d'agua vou querer experiência?" _ digo à ele; Daí como se não tivesse de ouvir fingindo e me iludindo de retórica, ele se vira, passa a mão sobre a cabeça e me diz da "verdade" do universo, que sem a experiência vou quebrar a cara, correr riscos, e derrepente até me drogar por isso tudo, eis então que digo; "Mas meu senhor, qual a diferença entre se drogar de experiência, e fazer uso de drogas, que você está entorpecido nas duas formas. Sinto muito mas não dá pra engolir certas coisas." Infelizmente esse não foi o fim da conversa, depois de dizer que eu preciso de Deus no coração e aceitar nosso senhor Jesus Cristo como salvador, me entregou um folheto mau impresso de sua congregação e pediu um real de pagamento simbólico pra ajudar a causa, é mole? Além de escutar o que juro não estava disposto ainda fui cobrado.

Enfim é realmente estranho envelhecer, não pelos problemas ou por perder a energia, eu queria minha paciência de volta.

Deus está de volta...


Segundo varias informações ainda não precisas, Bob Dylan o mais influênte musico do século deve aportar em terras brasileiras em março de 2008. Pelas informações que consegui até o momento, seriam realizados dois shows um em Sp (Via Funchal) e outro no Rj (Vivo Rio).

O melhor de tudo é poder rever Dylan por aqui, desde de sua ultima apresentação em 98, antológica diga-se, deixou um grande vazio nos fãns do bom folk.


Enfim carissímos, acendam seus cigarros, agarrem seus copos plásticos de vinho barato, um café forte e muito medicamento pro coração, um enfarte não será novidade.





See You Later!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

E de início...


Caros amigos, visitantes desconhecidos, bêbados errantes, fotografos e músicos de fim de semana, fumantes e neurôticos de plantão, atores e atrizes privados, e pequenas strippers.
Esta é apenas mais uma demonstração publica de narcisismo, egocentrismo ignorânte e uma pitada de neurastenia pós moderna, o que não deixa de ser uma grande piada.

Infelizmente, relações e relatos não são minha especialidade, contudo percebo que algumas de minhas extremas doses de neurose andam se aplicando bastante hoje em dia. A Imparcialidade anda longe do que eu pretendo aqui, assim como a coerência, e a saúde intelectual, mais ou menos como o café forte que todos nós não deixamos de tomar, ou seja, estraga os dentes, provoca dores abdominais, vicia ao ponto de provocar dores de cabeça horrendas, ataques espasmatícos, e por ai vai, mas não deixamos de toma-lo, afinal o que daria mais sagacidade que o café. Essa incoerência e completa falta de senso à respeito da saúde, é que me vez, e que não tenha duvidas irmão, te faz assim, neurotico. Isso tudo aliado à toda essa droga chamada "sabedoria", junto com a sua e a minha capacidade de fingir, que seja um orgasmo, toda essa hipocondria narcisista, onde você e eu escondemos o tempo todo quem realmente somos, usando de nossos "arquétipos" para protelar toda essa desilusão, seja romântica, seja pessoal, seja imaginária. À que devemos essa neurastenia além de nós mesmos?

Razoavél pensar que o homem é seu proprío lobo, é razoavél, por ser de nosso interesse estar sempre nesse ciclo interminavél de "poucas e boas", poucas experiências realmente intensas e interessantes, e boas doses de comprimidos "tarja preta". O hoje que estamos inseridos não passa de um aglomerado de gostos, sentidos, e acima de tudo a moda. Toda essa indignidade que eu chamo de "ecletísmo cultural", me renova sempre a sensação de que o mal do secúlo não é a depressão, e sim a merda do "Narcisismo Esquizofrenico", infelizmente frente à qualquer fato ou termo, não sou médico pisiquiatra, então perdão à classe acerca do uso indiscriminado de terminologias baratas, e neologismos pagãos, mas é uma reinteração do que afirmo, questão do puro e mais simples prazer de se reinventar a todo instante, de parecer algo que não é real, ou papável, "chats" por exemplo fazem muito sucesso com relação à isso, mostrando uma realidade virtual exepcional, quase idiota. Retomando, esse "Narcisismo esquizofrenico" explica, por meu proprío umbigo, a relação de auto-destruíção do individuo, fazendo com que ele seja seu proprío veneno, logo ele é seu proprío lobo. Imagine vocês a cada dia, uma eterna colcha de retalhos é costurada, e a cada instante novas adesões de fios são feitas, cada fio seria como um novo gosto, uma nova "vocação", uma nova neurose em potêncial, dai você enfim afirma: "Ah, agora eu sei que será assim!" ou que simplesmente será mais divertido deixar suas antigas posições e cair na nova condição mutavel que você tem absoluta certeza de não ser, mas insiste em querer parecer, forte, fraco, inteligente ou burro, e assim perpetuar sua instabilidade psiquica, atraindo passo a passo, mais e mais transtornos psicosomatícos, que nem você nem seu terapeuta entenderiam, todavia um caminho aberto às neuroses cafeínadas e uma emoção sempre mais sufocante. É meu caro, você, eu e minha cachorra estamos prestes à um enfarte agudo.