segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Click


Click, fora o efeito sonoro do furto de seu ventilador, o calor estava insatisfatóriamente desgastante, degradante e entre os furtos e furos nas orelhas, ressoava entre os dentes o pouco português que sempre nos falha. A fumaça, continua, inflamando os pulmões de densidade demográfica, justificando os meios aos finais. Eram quase meia noite naquele apartamento de estofamento nitidamente brega. As pestanas fechando tanto o quanto fossem necessárias, e o sobrenome se alteraria por gosto próprio da malandragem. Dos sons nada pode se dizer além dos ecos sob o silêncio em pensamentos torpes em literatura barata, culminando em sorrisos satisfatóriamente debochados. Maldita liturgia.

- Certo rapaz! - Pensou rápido e ávido, de modo a marginalizar a postura recorrente de si mesmo e sorrir pela falta de argumentos plausíveis apresentados.

Todos os comprimidos, despojadamente deixados para poder dormir, e todos os blás ditos a si mesmo em seu núcleo doentido passaram a ser uma distração fugaz, tanto quanto o demônio teria em um carteado. O prazer já se via como o de uma meretriz de classe aconchegada ao sofá, contando sobre "As incriveis aventuras de Gulliver", de modo que o sexismo deixava para a realidade dos fatos, dos corpos e da sujeira entre tais quadris, em um balançar frenético, em uma sorte de fome por absurdos. Click, e o cigarro na boca pensando em todos os combos gráficos que poderia instaurar, em toda a vista pro mar que teria e almejava alcançar. Sorte, fortuna e poucos amigos, assuntos meramente ilustrativamente sujos, sacanas e totalmente literários. By your side tocando desprovida de anúncios no rádio, bons e velhos tempos de malandragem recaíndo aos ombros sem dolo algum e a campainha tocava intermitente. Levou se aos berros.

- Que passa porra!- Caminhava e caminhava, torpe pelos corredores, acordado, zumbi do mato enjaulado, e porra nenhuma o vestia. Os pensamentos eram de tensão, tesão e outras atrocidades com "T". Pensara também que se todo excesso fosse visto como fraqueza e não como insulto já o tiraria de seu sufoco. Abria a porta semi nu, sem fontes ou clareza na vocalização.

- Humm... Você?...

- Sim! Eu...Não gostou? - Mortalmente vestida, velórios costumavam ter menos roupas.

- Não, esperava mais de você pequena.

- Mais? - Levemente alterada, adentrou sem nenhum convite, sem nenhum dolo. Nem mesmo um minuto à mais poderiam ranca la de sua pouca e literata vestimenta, tal qual Golias, tal qual o mito do minotauro.

Fechou a porta, e de pronto, sugou sua sáliva, ácida, pecaminosa, e nada puritana.

- Na verdade você pode querer tudo, mas não pode ter! Tá na sua face mas não colado nas tuas mãos. - Respondeu com um certo humor nos lábios.

Ao que os deuses podem profanar, ao que os mesmos podem outorgar, o dia riria de si, menos românces e muito mais ação. Naqueles segundos, os preciosos Sí bemois eram pontos de quem adentrasse com mais ardor às pernas do adversário, puramente brindando ao aprendiz de diabo e rogando da virgem sua virginidade. Meia hora depois, chuva de sangue na avenida de são miguel, cigarros em brasa e corpos em massas, a verdadeira fonte da idealização comunista saltaria da base alimentar do proletáriado, e não de seus bens como diria papai noel. Era notória a fumaça e o básico desconforto em se pronunciar quaisquer sílaba. Qualquer fonte de ar era subjulgada por tons cinza e azuis, pelo covil abrasivo, pelo mod rock aposentado. Alí apodreciam ao se chamar de quaisquer nomes, porderiam burlar quaisquer fontes de luz, e aquecer qualquer termostato. Click, e liga se a velha matadoura de monstros. A Televisão alta, evocando pouca conversa, a formalidade pairando em corpos nus, e por fim os ultimos suspiros ao se adormecer com o óbvio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ashes To Ashes Don't be continued...

"...O meu silêncio oportuno de agora certamente é o mais eloqüente dos discursos. Das cinzas as cinzas vamos lá!


"Estado contra Senhor certeza, décima segunda vara"."




Das cinzas as cinzas. O ambiente nada emocionante e muito conservador do universo acata todas as regras, bloqueia seus dizeres e contatos, cansativo e aposentado. RED. Encontrava se ali, agora na hora da verdade, sem explicações convincentes, sem noticias decentes, e iniciando sua nova fase, seus novos dias, à Decadência aliada a elegância de tempos tardios. O corredor, com um bebedouro simples, de chão branco, mármores, e paredes que mais pareciam feitas de papelão não mostravam nenhuma misericórdia divina, era hora de acertar as contas, de ou pular ou se deixar mofar, nada claro, "nebuloso" como diria seu antigo chefe. Passo a passo rumo ao acerto, batimentos cardíacos nada em conjunto consigo, e nenhuma expectativa razoavelmente boa para se orgulhar. Vestido para o velório, culpado de erros magistrais, irritado com a burrice alheia, irritado com as escolhas divinas, e finalmente preparado para a tormenta.

As portas do inferno estavam abertas, seu nome proclamado, sua santidade jogada ao absurdo, encerando teu ciclo, nada satisfeito. Não mais Senhor dureza, não mais senhor escrivão, não mais senhor designer de óbitos. A dificuldade de fechar as portas e a ansiedade causada pela preparação da mesma juntavam se, aglomeravam se, e seu café pra um, misericordioso de si, absoluto em si, gole a gole terminaria. Apenas seu pó no fundo da xícara, gosto amargo na boca, feito pó. Inevitável caminhar para dentro, "Move on man!", dignidade nessa hora era inalienável. Ombros erguidos, moral razoavelmente baixa, ultimo dialogo, ultimas vistas, e fechamento.

"EM BAIXO DO SOL OU SOBRE MINHAS SEMENTES?"

A câmara, pomposa, cheia de gringos, aroma doce ao ar. Justa posição social dos felizes infelizes kamikazes, "Bakara", sua alcunha agora. Tão bom para todo mundo, o jogo é e parece ser sempre assim. Nada de comida, nada de bebidas, nada de rua, nada de sorte e nada de branco. Sabe se que os Juízes cuspiriam fogo em seu nome, ateariam gozos em seu próximo vexame, e essa era sua única expectativas. Descobrira aí! Durante o Circo armado, que sua posição era de último à saber das tendências de seus comparsas no crime. Era um ledo engano pensar nos rabiscos, nos urubus, no futuro. Sentado no próprio vespeiro. Criado pelos seus próprios erros, e desenvolvido a partir de seu vermelho balbuciar durante o "boa noite".

Mesmo sendo difícil não procurar pela vingança, e a resignação não ser seu perfil, iria aceitar entregar se aos demais cambonas, aos seus ritos, seus rolés pela capital, sua deslealdade e lealdade tardia, e mesmo que se odiasse por isso, gritando com sua própria fama, sorte, ego e maltratando suas possibilidades futuras, entrega se os pontos, "Que se retirem todos de uma vez". Aguardara apenas o pronunciamento das chamas para que ao fechar seus olhos, sua cabeça remontasse a velha história, que os dedos fosse apontados para si mesmo, que pensa se em tudo que deu, e seu sorriso seria como a boca do oceano, "Eu te vejo por ai!".

Não há nada que se possa dizer sobre os proclames, sobre os pedidos de casamentos, sobre as prisões impostas, de modo que, nada deveria ter sido dito ou escrito, de modo que este local é inútil tanto quanto si mesmo. As descrições dos passos seguintes foram censuradas, fortes para os de estômagos gástricos fracos. Última notícia, última postagem aos correios. Épico teria sido, mas não teriam visto o quão, "...,e que se fodam...". Como um velho amigo imaginário cantaria, como um velho pássaro negro tocaria aos teus pés e ouviria que deveria lhe deixar voar. Ridiculamente certo, ridiculamente absurdo, dualicamente metida em cordões umbilicais extra grandes, de modo a se poupar sem poupar seu comparsa. Esse era seu ego, sua lucidez, palidez, e outras bobagens que poderiam ser descritas aqui. Sick, Sick & Sick. Dois anos e alguns dias de muito, e ao mesmo, muita.

As confidências apenas para os bartenders, a história do holocausto queimando em barris de óleo em qualquer esquina junto à todas as paredes pichadas, arte feitas, de maneira que seu único pedido após todo o julgamento fora de fronte, face a face, e de todas as merdas, fodas, e agrupamentos de corpos mutilados que propagou, diria que não é fácil como numa manha de domingo cinzenta. Não há futuro já proclamara os punks em seus saiotes. Não há como ocorrer um novo conde, um mono Monte Cristo.

Estrias, cortes, rasgos, sangue, e enfim a solitária. Desta prisão não existe como fugir, não existe como mentir, ou medir sua extensão. Este é o último relato, o último épico, o último som, e certamente a última dose que eu tenho de eu mesmo. Esqueçam os laboratórios de refino, as drogas e os hits do verão passado.

Café pra um. Fechado.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ashes To Ashes

Aqueles tempos eram sempre ariscos, os pontos sem nós de clima úmido, de pestes de ratos roendo todos e quaisquer restos. Faith no more! As imagens deste ser se profanavam sob qualquer vocalização próxima, e de nada haveria de vale tamanho esforço além de limpar seu nome, aquém de deixa-lo sobreviver em paz. Tanto para você quanto para mim, o sol batia à porta dele, o homem sem nome, o revogado, outrora atendendo pela alcunha de Senhor sabe tudo, senhor vingança, senhor não se meta, hoje dito e feito passado.

Cigarro matinal, leu suas noticias no jornal, café, aceleração, pouca expectativa e rumo ao sul. "Eis me aqui!", diria ele em bons dias, não que o pessimismo tomasse conta de teus dias, não que não buscasse sua reabilitação, apenas sem fé e pobres dos homens de pouca fé, ou não! Após uma lida nada prazerosas sobre seus poucos argumentos de defesa, arremessou o jornal, esboçou sua pequena raiva, e se preparou para o pior. Estava à caminho e vinha como um animal, cheirava como um animal, caminhava como tal. A única incerteza era de qual espécie seria. E estampado em suas primeiras páginas mau diagramadas, "Divisas não pagas, prega-se a moratória". Aquilo foi como ódio aos pulmões, cercado de todos os lados por contas a pagar, por contas a acertar, e cerrar os punhos não valia sequer a pena. Sabe se bem os porques. Bastara um dia de aposentadoria e milhares que o apoiavam e suportavam como endorsers virariam as costas. A faca devidademente guardada, o três oitão acolhido pela poeira dos novos tempos talvez, e somente talvez fossem necessários. Esperava que não, queria que não, e pôs se a um belo banho frio antes de enfrentar as ruas, afinal a caravana não poderia e nem deveria parar.

Vestiu-se de preto, como em um velório granfino. Óculos escuros em dias nublados apenas para manter as olheiras afastadas de quem poderia se interessar, e desceu para apanhar suas coisas, o restante que havia sido lhe entregue em caixas de papelão, sem sequer um bilhete, ou algo do tipo. Pensou alto "Belo reconhecimento hã?!", seu porteiro riu, e acalmou-se mais uma vez, entre tantas que já haveria arremessado a cabeça do infeliz pela entrada do edifício, pensou duas vezes. Aposentado, à isso sim, e talvez não fossem mesmo os dias de voltar-se ao velho sangue suga, ao velho bloodstain, ao velho cigarro reinado em seus olhos. Ponderações e nada mais. Os gritos de fora lembravam teus dias de matança, de rios de ódio brotando aos pulmões, de quando levou sua facada, de quando ficou preso por dias em um hospital sujo, sem sequer visitas conjugais. Belo sujeito, relegado à expectativas postas a prova, e na realidade ele não ligara à isso, a magoa fora corroida há tempos. Um dia não supre uma semana, e esse lema já era velho e sabido, de modo que seguiu, como seguiria agora. Pôs os ombros para trás, esguio, nada de vinganças, nada de não encarar os fatos "filhão", o vermelho dos lábios não seriam de sangue, e tão pouco de omissões mais, iria encarar de peito aberto a multidão louca por seu couro. Pedira ao porteiro infeliz para abrir a gaiola, e como um rato em uma, foi para fora. Vistas, luz e inferno.

A multidão eram só brasas! Eles realmente estavam preparados para o pior, convidaram até seus policiais para assistir o açoite. Aguente, o cheiro, aguente o desgosto de ter abandonado a carreira, aguente o dia nublado com quarenta anfitriões nada saudaveis meu senhor. Sabia que podia optar pela mentira, pela malandragem, pelos socos e pontapés, mas não, aguentou o enxame que se propagou, em poucos minutos já haviam lhe atirado pregos, pedras, ovos, e sessões de cusparadas nada coloquiais e a cada uma, por dentro se odiava, mas ao se limpar, percebera os fatos, os caminhos e o nucleo. O fusca que ainda o aguardara, atipico, não era um frango qualquer, não era alguém que não sabia receber porradas e devolve las ainda de forma pior. Não valia mais o esforço. Abaixou sua cabeça, tapou a boca com a mão de modo a acender seu lapso de momentos felizes em um cigarro, e colocou se a andar, mesmo que isso o fizesse lembrar de orelhas arrancadas, maratonas de trabalho árduo à sociedade, e tudo posto e deposto pela aposentadoria, pelas dores nas costas, e pelas divisas que não estavam claras ao banco. Ódio guardado hoje à elas, instituições financeiras. Seus passos, largos, procurando manter-se são em um universo de paquidermes imbecilóides, entrou no auto, e o piloto rodou. Não se sabia bem, se a cortina de fumaça vinha do carro, ou de fora. Asseava por não ser fogo literal aos pneus. Ande logo, tenho contas a prestar, fontes a secar e muito, mas muito chão para rodar, pensou. Mesmo que a imagem cite e beire o inapropriado, seu biografo saberia que aquilo era auto preservação do que lhe aguardara.

Em seu dialogo consigo, brotaram idéias, percepções, e mea culpas. Sabia que era ele e só ele o causador de tantos absurdos. Sabia que causara por se omitir perante os juízes, e não achar que iria se pendurar tão previamente. Erro, e de erros sempre se tem duas ou doze partes. Sagaz, poupou esforços agressivos, e propôs a si mesmo uma forma certa de se pagar as dividas. De se entregar aos mesmos senhores que lhe obrigavam à matar. E foi o feito. Foi o que já estava certo em fazer. Não iria se omitir, não iria deixar que manchas negras e nuvens turvas abalassem seus novos dias, se a verdade estaria dentro de uma prisão, capitalizaria, venderia o corpo para não ter mais que ouvir ou sentir se acusado por aquele enxame, que provavelmente jamais ouvira verdades na vida, e jamais saberiam delas. Nem todos tem colhões para um face a face, normalmente se corre dele, e noticiários, digitais, físicos sempre são cômodos. Colocou se a caminho de sua nova maratona, como garoto de aluguel, como garoto de recados, já sabia o que fazer. Nenhum tiro mais, e nenhum juiz mais teria como lhe propor isso.

As mãos tremulas, e o abdomêm ainda cortado, criavam mais desconforto do que encarar os fatos, e revoluciona los. Transpor à quem não é de César, o que é de César, sistema judiciário de merda. Os rabiscos em seu corpo quase que se soltavam, via os erros em cada pedaço de seu corpo, do paletó ao cabelo, de sua barba às frases que ele gostaria que ouvissem, e mesmo assim, mesmo transpondo sua raiva das mãos para o cérebro, conteve se. Isso acaretaria muito mais do que vingança, e não era ela que ele procurava, não queria encontra la na marra. Até mesmo os litros de café lhe diziam o mesmo, as memorias e os serviços, bom isso cabia a ele saber que tinham sido bons, eficientes, e árduos, prazeirosamente árduos, Senhor guarda costas!

O dia, e o caminho sinuoso até o tribunal se misturavam em odores, fumaça, gritos na multidão, nada pop, nada mod, nada funk. Apenas palidez reversa, e suas gloriosas lembranças. Se teria de haver um abate, que houvesse então. Não era homem de se ocultar, de se poupar de rasgos, e mesmo aos que lhe propunham serviços pardos, mesmo esses desaparecidos, tinham seus grandiosos feitos, e não haveria de negar. Mesmo na tortura que estavam provocando ao se colidirem com suas proprias palavras. Senhor destino não mais, as armas estão guardadas, so a face a bater, a minha face. Pequenas vitórias vem aos tempos, e a abrupta vontade de se referir se à elas com mais tempo, não era mais encorajada. Não tinha tempo, apenas um aviso, apenas dores nas costas, apenas dias esquecidos e não validados, como este mesmo argumento jamais será por eles. Desceu de seu glorioso fusca, em uma calçada destinada à portadores de necessidades especiais. "O caralho, são e continuarão a ser alejados" pensou, e como de praxe foi abordado por isso.

- Ei! Senhor! Não vê a placa? _ gritou o segurança.

- Vejo, bem distinta não?

- E não sabe ler então? Tire esse carro daí por favor _ Quanta educação de um servidor público, incompetente quase sempre, rancoroso quase sempre, e normalmente nada educado com os populares. Nunca subestime o poder de um terno!

- Sei sim, mande guinchar. _ Caminhei como um junkie, trôpego, ansioso, cheio de vitamina B para queimar às portas de um grande funeral. Crianças deveriam cantar mais, e notoriamente "Be Aggressive" seria um bom tema.

O sabor do vento corria em meus dentes, tão claro quanto o ar absurdo de nunca querer poupar esforços. Os dons, e as praticas, juntos. Aguardando à hora do julgamento que já começara, terminar. Não iria se omitir, não iria se poupar, e provavelmente apenas cumprir a pena atribuída. Ser preso nos dá tempo para pensar em o que estamos errados, é um bom meio de pensar em liberdade futura. Já escapei de tormentas fortes, que não me pegaram tanto quanto quando se está aposentado. Reduzir toda essa atmosfera ao que convém não é uma escolha muito sábia. O cronometro anseia pelo meu nome dito em alto em bom som no tribunal. O meu silêncio oportuno de agora certamente é o mais eloqüente dos discursos. Das cinzas as cinzas vamos lá!


"Estado contra Senhor certeza, décima segunda vara".

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Hotel Liberdade Check In.


Estávamos todos lá. Obsoletos, trancafiados em salas, quartos, saguões e entre-faces, quase desdentados, atolados em crack e satisfatoriamente esquecidos. Sem as lágrimas que aos olhos de vós brotam, sem a moralidade dos porcos que por nós sentinelam. Cigarro a cigarro, só nós enxergávamos, nas soluções de tragos e goles oalgum brilho, de modo que o brilho que importara nos teus olhos seria acometido, por risos, cervejas, e desilusões. Dentre tantas, as salas e escritórios estariam cheias, desoladas. Cheias de não começarem suas noites com o balbuciar vermelho dos lábios, cheias de não sentirem os ápices da forma, da lucidez, do três oitão colocado em fronte a face. É meus caros, a moralidade custa muito caro, e muito era a barganha dos infelizes. Não mais estaria preso à sua jugular.

As duas faces, a coroa da moeda, o cruzamento das almas que não descançam, a fé que se perde, e a luz que se esvai. Sim todos os hipócritas feito eu, todos os de coração fechado como os nossos, todos eles eram bem vindos e uma vez vindos, eram oriundos de ser quem são. Os horizontes tocavam seus dedos, onde a raiva e a ira, apenas iriam e ririam de tanto fomentar mais os silêncios, mais clarões obscuros, e sempre mais gritos no seu silêncio. A rima era velha, e as frases dignas de Erasmo. A porrada e o sangue, a marca dele no chão, o rosto que cai, e a percepção de que estaria apenas posto à um lado, sem oponentes à se ligar, sem socos a jorrarem no ar, de maneira que, sem justiça para que possa julgar. Amoral, como se colocaste deus para avaliar, estariam todos ali. De corações abertos, de perguntas sem respostas, de almas nada lavadas, apenas com seus copos postos de porres para esquecer.

As escadarias, todas eram brancas, sujas, e ensopadas, os corpos que dali caíram, os mortos que brotavam aos montes, e tudo é parte de um, apenas um hotel. Encontrei-me e perdi-me varias vezes por dentro, e quando disse adeus, jurava que não ocorreriam nãos, que não valeriam centavos, e hoje cada centavo é e custa caro, sempre ávidos. Válidos, e fálicos, expostos apenas porque quiseram ser deste modo, chocados com evasivas, tentando rimar, tentando encontrar, varrendo os pulsos no ar, e com o gosto de que iriam ficar não mais que apenas um pouco mais. Sem tetos, sem excrupulos, apenas o blues no quarto. Apenas o Dylan nos ouvidos, e todo o dinheiro que o Cash poderia doar em seus corações.

A dedicação era apenas dos que não se importavam, os loucos caminhavam à serem deuses, e os porcos, há esses sempre adquiriam mais e mais, acumulavam seus olhos, e espíritos, de modo a pintar, a cultuar,a viajar entre os braços das meretrizes, dos michês, dos clichés de "Eu não amo mais você". O fogo do peito, e o rancor dos descamisados, entre as favelas que procuram seu numero, e a teoria da paridade numeral tendem a não ligar mais. Todos eles padecem, morrem e renascem, day by day Bê. E como poderiam doar meus rins para conseguir o sustento, mesmo dentro de um urubu que nunca voa, dentro de um esboço que nunca se termina, e de uma falta que sempre se propaga, profana, endiabrada. A palavra que só existe em português não poderia ser dita, não existem ouvintes para ela, e mesmo assim ainda comunista, prevalece. Com o português falho, com os dinamos dos pobres diabos, com a arrogância dos que já tiveram, perderam, apostaram mais e foram surrados. Entre vinte e um andares, e vinte um corredores, ressoavam, e ressonavam, todos nós. Dói, arde, e costura-se para fora, a estação vazia, as músicas sempre os velhos hits do verão passado onde se esquece, e se volta ao passado para sonhar. Nenhuma notícia sua toca no rádio, os difusores quebrados, e os signos esses sempre cortados e esse meus caros, é o hotel Liberdade, onde estamos instalados, do bom dia malicioso de seus porteiros, aos que correm nus ausentes de comentários, absolutos escravos de seus muitos retardos.

"Bem vindo ao Hotel Liberdade, que sua estada dure tanto quanto as farpas entre meus rins, e que nós nos vejamos entrelaçados, capacitadamente outorgados."

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Tangled Up In Blue


Early one morning the sun was shining.
I was laying in bed
Wondering if she'd changed it all.
If her hair was still red.
Her folks, they said, our lives together
Sure was gonna be rough.
They never did like Mama's homemade dress.
Papa's bankbook wasn't big enough
And I was standing on the side of the road,
Rain falling on my shoes,
Heading out for the east coast.
Lord knows I've paid some dues getting through,
Tangled up in blue.

She was married when we first met.
Soon to be divorced.
I helped her out of a jam, I guess,
But I used a little too much force.
We drove that car as far as we could;
Abandoned it out west.
Split it up on a dark sad night;
Both agreeing it was best.
She turned around to look at me
As I was walking away.
I heard her say over my shoulder
"We'll meet again someday on the avenue."
Tangled up in blue.

I had a job in the great north woods
Working as a cook for a spell,
But I never did like it all that much
And one day the axe just fell.
So I drifted down to New Orleans
Where I happened to be employed
Working for a while on a fishing boat
Right outside of Delacroix,
But all the while I was alone.
The past was close behind.
I seen a lot of women,
But she never escaped my mind and I just grew
Tangled up in blue.

She was working in a topless place
And I stopped in for a beer.
I just kept looking at the side of her face
In the spotlight so clear
And later on as the crowd thinned out
I's just about to do the same,
She was standing there in back of my chair.
Said to me "Don't I know your name?"
I muttered something underneath my breath.
She studied the lines on my face.
I must admit I felt a little uneasy
When she bent down to tie the laces of my shoe.
Tangled up in blue.

She lit a burner on the stove and offered me a pipe.
"I thought you'd never say hello," she said,
"You look like the silent type."
Then she opened up a book of poems
And handed it to me.
Written by an Italian poet
From the thirteenth century
And every one of them words rang true
And glowed like burning coal
Pouring off of every page
Like it was written in my soul from me to you
Tangled up in blue.

I lived with them on Montague Street
In a basement down the stairs.
There was music in the cafe's at night
And revolution in the air.
Then he started into dealing with slaves
And something inside of him died.
She had to sell everything she owned
And froze up inside
And when finally the bottom fell out,
I became withdrawn.
The only thing I knew how to do
Was to keep on keeping on like a bird that flew
Tangled up in blue.

So now I'm going back again.
I got to get her somehow.
All the people we used to know;
They're an illusion to me now.
Some are mathematicians.
Some are carpenter's wives.
Don't know how it all got started.
I don't what they're doing with their lives,
But me, I'm still on the road
Heading for another joint.
We always did feel the same.
We just saw it from a different point of view.
Tangled up in blue.

*** Blood On the Tracks - Bob Dylan.