sexta-feira, 17 de abril de 2009

HOTEL LIBERDADE CHECK OUT.


Noite quente, Um zumbido intermitente no ouvido, ônibus ao fundo. Parei no Hotel eram umas vinte três e meia. Fiz o check in, e me encaminharam ao quarto, cerca de cinco minutos depois o inferno começou. Mas não é daí que começa essa crônica, nem de longe parte a narrativa. Existe bem mais do que apenas começo meio e fim, e muito mais torturas que a carne pode supor, de modo que não seria justo começar a desdizer, criticar e auto-avaliar a si mesmo sobre tais circunstâncias. Alguns sempre que possível trazem a tona o fato de não ser mais tão inspirador, interessante ou menos casual. Sempre que possível trazem esses sons Echo's e afins, armam suas barricadas e por fim você está enforcado por um Dj qualquer. As músicas não têm mais o que dizer, suas letras variam entre "I've got nothin' to say...", os filmes uma tortura de "Trabalho sem diversão fazem de Jack um bobalhão!". Bom, eu. Eu faria de Jack um espertalhão, mas o enredo não é meu, e já por horas rodeei pra prover de onde termina e onde começa a crônica, certamente não do nascimento.

Com sete palmos a baixo do sol, escondendo suas sementes caminha vagarosamente o ser pela terra, progride feito de bactérias e microorganismos, lê-se, estuda, e por fim para que? Para algum retardado reformar a gramática e por franqueza demais dizer que tem que reaprender, e de fato se tem, aprendi isso sempre levando surras em bordeis, esquinas, e as vezes batendo em cafetões. Como diria um amigo meu, "Não sei se você matou essa prostituta! Tudo bem, você a esmurrou muito, jogou uma cadeira em cima, e a asfixiou com um saco, mas eu não sou médico! Ao que me consta ela pode ter morrido de causas naturais!", e bom, bem como sabem é assim que se progride na terra pródiga. Nicotina, fumaça do trânsito, o ar quente expelido pela boca nojenta do guarda no sinal, e o comprador que não se cativa com o material exposto. Tudo isso foi o começo do fim. Quando digo, a sete palmos abaixo do sol, escondendo suas sementes, de modo a perseguir com gratidão as ruas, e extinguir alguns de seus melhores defeitos, não é mero exagero.

A insônia reconte a malandragem absurda, e as peraltices de fato tornaria naquele rebento uma bela imagem de vida. Ainda muito jovem para fumar, e muito velho para apenas chorar. Aprenderia de fato como somar, e dividir, mas nada que subtrair. Na narrativa de Dylan diriam "que nada posso ter de culpa se eu ganhei um milhão. Apenas sou sortudo.". Dyln, café e cigarros seriam as próximas questões de sua vida. Provavelmente seres pediriam crônicas sob encomenda, o pior, de graça. Seu talento só era bem visto mesmo quando esperavam algo de si mesmos e não podiam encontrar embaixo das próprias saias. Dos aproveitadores que se julgava amigo, aos pobres podres e fodidos mendigos que se apaixonavam pelo seu bolso, de maneira que sentido não teremos nessa crônica, sempre parte de você essa iniciativa. Sempre cabe a você montar o texto, o livro de boa nova não foi compilado assim?

A habilidade de queimar seus pés sobre o chão, e tatuar círculos no braço apenas provam que você envelheceu, e depois de tantos dias tranqüilos odiou. A gastrite volta, e qualquer coisa que você pense de mim será em vão, porque e apenas porque eu quero assim. Todos deveriam querer as alienações de um quarto de hotel. Outono, uma das estações mais chatas e mais atraentes do universo. Dois maços de cigarros vermelhos ao dia, três garrafas de café, e dois copos de coca por hora, estatísticas de um velho a beira de um ataque de nervos e mesmo que a arma estivesse carregada, ainda não seria a hora de usá-la contra você ou eu. No edifício onde a liberdade é técnica figurativa, os vizinhos se fecham em copas, o que nem de longe é um pecado, os cães ladram e pelas grades vemos a caravana de carros passarem. Logo abaixo o mercado persa, sem seus tapetes figurativos, onde os loucos proclamam métodos de assassinato sobre um sol mais quente que as garotas da cidade, mais quente que o inferno seria um clichê desnecessário.

Ainda assim, passavam da meia noite, a música nada soft turbilhava arranhando os sons da rua, as furadeiras que outrora arrebentavam meus tímpanos em forma de motocicletas apenas narravam mais um dia na cidade, mais um inicio de noite. Mais uma dose de uísque para foder com essa gastrite!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Fique Com Ela.


Hollywood Filters, definitivamente são o pior gosto que se pode tirar da boca! Assim desperdiçando meu tempo, amassando meu dinheiro entre suas coxas e roçando minha dignidade dentro dos teus roteiros frágeis e rotineiros, qualquer idiota social poderia apanhar meus segundos e doar para a caridade, sem medo do clichê e senso comum que abate teus fixos olhos. Ah, o negro dentro do cinza, o branco por compor, e as tiras vermelhas rodeando a insônia que trazia o conforto do lar. Estava eu tão ansioso por voltar na noite seguinte e roçar mais uma vez meus centavos nas coxas dela, que a gastrite novamente teria de ser o tom da graça, tiros revolveres e pistolas por todo lado. Queime a si mesmo e continue em brasas. Teoricamente algo fácil de fazer dentro daquele quarto escuro, com chão vermelho, cama mal arrumada de outros e outros hits de clientela, mal podia se tatear entre os seios, mal podia mirar com gosto meu anseio!


Como as Filipinas rendendo graças a Muhamed, as bruxas ardendo nas fogueiras e meus calcanhares desprovidos de munição foram apenas mais uma cruel brincadeira do tempo para extinguir a separação, de modo que o radio continuava tocando a nossa canção, mais um clichê, menos uma emoção. Os lábios vermelhos tateando meu corpo, os beijos e caricias tonteando meu centro gravitacional, que cheiro, uma pocilga com um aroma de classe, vodka e tequila com ar de qualidade barata e um doce sentimento infanto-juvenil de estar próximo a mãe. Madre santa, cassino e outras lembranças que o tempo rasgará. É minha irmã, o tempo se veste rápido.

Mesmo solitária ela estava comigo, e mesmo queimando como gasolina, poderia orar uma prece, de modo que eu pouco fodia para isso, como diria o mártir. As garras compunham o serviço bem feito. Deus como eu poderia casar com essa mulher, levá-la ao altar e depois estourar teus lindos olhos num ápice de gozo e discórdia. Claro que isso me faria futuramente arremessar teus miolos pela janela, e sentir no cheiro, o gosto da carne, de modo que ela postergaria teu epitáfio e atiraria gotas na minha face, mas eu nem ligaria. Mulheres de biquínis e metralhadoras sempre foram sexuais.


A maneira como ela atirava seu sexo na minha face desprovida de naturalidade, e a imposição dos tremores financeiros fariam do mercado financeiro apenas um pontapé inicial para uma crise sem precedentes, mas nós estaríamos ainda em chamas, quentes envoltos e lençóis e radiantes pelo momento, de fato diferentemente radiantes, eu pelo tempo perdido, ela pelo dinheiro ganho. Mas não é que seriam todas assim? Mesmo dizendo não dizem sim, e dizendo sim quem se importa com o resto. Sairia as quatro, e só voltaria na semana seguinte, de maneira que jamais largaria aquele cômodo artifício.

Ultimo cigarro da noite, o tempo se foi, como bem queria o senhorio. Através das frestas da porta do banheiro sentia ela esvaecer de um tempo técnico, a noite ainda aturaria mais maltratados para seu berço. E de nada adiantaria teus cabelos doces seu ar de suposta proteção, e a calmaria para abater a sensibilidade de uma mãe que apenas gostaria de fornecer o pão a tão pobres meninos. Santa Madre. Religiosamente Santa Madre.