quinta-feira, 3 de julho de 2008

A Espera do Sol...


Sob a sombra de um coqueiro, qualidades desproporcionais à do wayfarer adivinhando a paisagem. As botas enfiadas na areia, a tatuagem cozinhando dentro da blusa negra, a pele borbulhando o tesão da temporada. Sobre a terra paradisíaca, sobre o vento esguio e as temporas sambando, nada poderia ser dito ou arqueado, nem mesmo os boulevares de Francisco de Assis seriam densos ou pequenos, ou mesmo que você não entenda, admiráveis. Mod punk, funky, qualquer bagagem que tenha aparecido em tua vida, esse é o período que se põe a pensar, pesar, medir e comprimir qualquer qualidade ou defeito. A noite pondo-se a sussurrar o que o dia de amanha trará, trataria de qualquer uma das esperas cósmicas do sol, mas não passaria da próxima loja na esquina, empoeirando os lps, livros e costumes aglomerados dentro do espaço. A faísca do isqueiro provocaria certamente um desastre, assim como os riscos brancos no espelho cavariam mais e mais detalhes de uma travessia, de modo que eu, bem, eu estava ali, dizendo "Eu te amo!", "Eu superestimo...", adjetivos não deveriam serem postados por mim, mas o ponto é, estava sim esperando o sol.

Quando o ultimo brilho lunar cutucou as botas, meus braços já estavam postos ao céu, minha cabeça escorada no coqueiro, e sob o chão e eu uma areia irritantemente desconfortável. Alguma coisa que eu pudesse querer estaria apenas cortando minha carne, e eu sem me importar sangraria. Minha face sempre mostra o que não é natural, ou real. E muitos e muitos dias passariam com segundos entre o ultimo raio lunar, e o primeiro respiro solar. Nunca, mesmo eu sentira de fato que não estava fodido, mas entre um espaço de histórias, um cataclisma mundial, ou uma lembrança vaga, eu provavelmente estaria na ultima escolha. Nada é rígido ou fixo demais a ponto de assustar, mentiras são mais sinceras do que você possa pensar, e a velocidade com que elas escapam, fazem de um monte possuído pelo demônio, um carneiro obcecado pelo lobo. Ocasionalmente, eu sentiria que fosse meu próprio amigo, sem o auxilio dela eu perpetuaria andando pelas ruas, festas, esquinas, apenas como mais um a ser conquistado pela hype moderna da futura geração. Nada vai me fazer lembrar mais desses segundos que as constatações memoráveis que poderia ter, ou tive.

Mesmo com os olhos fechados, ou as sobracelhas arqueadas, mesmo no escuro de óculos escuro, o poder de meus braços era de fato muito mais elegantes que o poder de meu espírito. Alguém um dia sussurrou isso ao meu ouvido, disse em alto tom, em boa pratica, em magnífica nobreza de que "...Quebram os ossos, cortam a carne, mas o espírito continuará vivo.", sim é uma grande bobagem, tanto o meu quanto o seu espírito esta vivo contigo, futuro nunca se sabe, deuses compactuariam com isso, se de fato a mitologia existisse, se de modo obsceno as ninfas convergissem ao monte. Naquele momento o que importaria eram as crônicas, as lembranças, mesmo que poucas fossem boas, mesmo que muitas fossem de erros, elas guiam e guiariam à importância do sentido da vida. Esperar é sempre tarde demais, ou tentar explicar sua existência é sempre patético demais quando se pode estar nu na chuva. A maresia, o ar, o ultimo sepulcro ainda demoraria a chegar, e mesmo que eu bêbado viesse a compactuar com isso, estaria por me adjetivar, adjetivos nunca são bons, assim como idosos nunca são bons, entre demais criaturas que passeiam pela terra, dentre saltos e pimentas vermelhas picantes nos olhos.

As explicações seriam simples se o sol não demorasse mais a chegar, e o abismo entre você e eu, seria definitivamente não milhões de jardas, mas poucos centímetros. Rápido algoz, eu não tenho todos os centímetros do mundo, nem mais de uma boca pra alimentar. Esperar o surgimento do sol pode ser uma eternidade quando teus braços estão irredutíveis, suas pernas imóveis, e você sentindo a circulação do sangue ao corpo. Todo e qualquer controle que poderia ter existindo por um brilho que começa tímido, apagando os postes, caminhando do horizonte para cima, um mar que bem poderia ser tocável entre você e a imagem das centelhas de fogo. É meu caro, desde a ultima experiência ate a próxima, a saída de emergência estará bem, mas muito bem trancada. É assim, até que se forme o novo carnaval, ou até o próximo policial te levantar, ou os Para-médicos te cegarem. Adormecer talvez fosse necessário, dizem que dez dias sem dormir matam.

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