quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Cosmopolitan (Part III)

- Com a mesma falta de vergonha na cara eu apodreço, procurando minha insônia, sua falácia, obstruindo os terremotos de uma vida pouco sensata, de modo que eu não quero e não devo, deixar que se aproxime! Não quero e não devo deixar o foco oprimir suas veias, minhas maldades e nossa pouca atmosfera nudista. - Caminhava pelo corredor de mesas, outorgando seu ponto forte. Proferindo aos dois únicos seres presentes, graves e mais graves de adjetivos falhos, nuances obtusas, e português oblíquo.

Algumas palavras poderiam descreve-lo como um homem pronto para o recomeço. Magro, pálido, elegantemente vadio, de modo nenhum seria só mais um com os dentes podres, olheiras fumegantes entre portas abertas para sua própria percepção. Destemia-se entre quatro paredes como poucos no universo paralelo de vossas próprias expectativas. O tipo que rezaria de joelhos aos pés de uma meretriz qualquer, um copo de uísque entre o ódio proferido pelo amor de deus, a última morada seria seu semblante como um soco na parede oferecia uma grande e boba satisfação. As pedras entre os rins, o amor derramado pelo asfalto, o ultimato ao céu, inferno e oferendas míticas. Seria o exu entre o termino, o demônio palhaço de circo sem futuro, um pouco de si mesmo que não encontraria em farmácias, outdoors, ou idosas fornecedoras de narcóticos.

Suicida, absolutamente maníaco, irritante e desmotivado, filho do asfalto, moleque de recados de si. Aos pés da santa. Embalado sob o hit do verão passado, encurralado entre desconhecidos e afins, absolutamente marginalizado por seu destino, de modo que não aparentaria outra forma senão a de um animal selvagem, do qual se meteria com a polícia pela mulher amada, um campeão do romance romano, um Erasmo dos dias modernos, e um critico de poucas palavras. Essas seriam minhas percepções, esses seriam dois dos quatro cavaleiros do apocalipse dentro do nosso belo bar.

Sentou, procurou um banco vazio, e aguardou que em seu esqueleto aumentaria os níveis de tesão, tensão e pó. Clientes antigos, dois de nosso próprios espíritos, dois de um sangue ralo, fedido, e polvilhado. À vossa maneira, o destino de muitos aguardavam-se em destino de poucos. O clube dos corações partidos, não por amores brutos, ou por intrigas mesquinhas e comentários impertinentes, apenas corações cansados, psicotizados, tênues e obrigatoriamente frustrados. Os quadros, as paredes, rendiam homenagens aos espíritos que residiam alí. Os corpos embriagados, e o gozo esporrado em suas faces, atribuíam à face de deus. Malditos porcos iluminados, malditos corpos mesquinhos entre facas e espetos. Amava todos eles.

- Um copo do seu pior uísque meu caro. Pouco dinheiro e pouca satisfação fazem de todos nós bobalhões. - Ergueu suas mãos ao teto como se houvesse alguma entidade em seu corpo, de modo que fora servido com a mesma classe de sempre, muito embora a atenção ainda se voltava para antigas personagens morenas, duras, e gostosas. E mesmo abduzido de pouca atenção e risos cinícos, continuou: - A minha história não interessa, o meu caráter é valho, e de maneira alguma quero sair dessa porra toda! Os cronistas me refletirão holofotes, a chuva irá tomar conta do meu corpo, sexo barato, putas de rua, bêbado sempre irei ficar e reintegro uma vontade. Sociedade Produtiva que se foda!

- Do que diabos você está falando, cara? - A pequena se pronuncia, olhando pro seu copo, como se desse o mínimo de atenção necessária para domar o flerte.

Ele sorri, retorna o olhar para os ombros, malicioso como um rato procurando comida. - Falo de sinais, falo de semiótica, falo de câmbio financeiro, e de senhores de meia idade que tem dinheiro no bolso. Falo de pseudo comunistas que rezam em cartilhas capitalistas, de toda essa gente que não ouve direito. Todos os macaquinhos de circo, que amam os julgamentos, assim como eu, mas não desvendam sua honra ou nudez à humanidade, e proferem tiros, ordens restritivas, verdades absolutas e plenas em todo e qualquer recinto em que se sintam ofendidos. É engraçado como a dupla criação sempre reside em nossos corpos.

- Rá! Isso é claro, todos nós julgamos, somos cíclicos, temos tensões menstruais, e falamos milhões de besteiras, mas isso não é motivo pra você se achar superior aos demais, certo gente boa? - diz Maria, a virgem.

Naquele pequeno instante de fúria, em que o debate existencialista de paixão e ódio social compunha se feito a causa e o efeito, gasolina jorrava à alguns passos dalí, na ponte do rio que descia, na crônica da futura sorte, de poucos sortudos. Onde alguém certamente perdia o tesão, a tensão. Dentro de um automóvel limpo, branco de doer a visão. O recomeço, o fim, as linhas escritas em seu epitáfio, o caos criativo, acomodavam se em uma cidade pouco drogadita, chapada de anti alérgicos, anti depressivos, cuspindo nos "zumbis do crack", arrotando naturalidade e prometendo saúde mental ao seu fogo.

A próxima canção seria cheia de sorrisos prontos, faces cíclicas de profissionais neo liberais, sozinhos com um mau cheiro exalando de um som negro, de um pássaro prostituído e nada compreensivo. As tripas dos que se importam com amor, paixão, e metafísica, anunciariam que se fariam coração, eternamente dono de nosso júizo. Naturalmente e não natural, mente, corpo, e espírito errante sem paz, sem sossego, como uma personalidade frágil não tênue. Não era de palavras tênues, e sim de cortes no corpo, remédios nas veias e a arrogância furtiva de personas inteligentes. Nossa Era, seria de casos críticos, de histórias vistas em todos os becos, residências e websites. O jornal estampa, os elogios, o gosto pelo vingativo, e a hipocrisia pós moderna. Nosso bar apenas uma casa, um shallon judeu. Um pós mortem, uma adoção de doçura ao que se estampa pouco e amargo. Os dias curtos caem como as sentelhas patéticas que obesos proclamam, de modo que nosso ambiente recepciona o furto primordial da criação divina, a elaboração da guia, do cabloco, e o saravá!

Agora somos em três, discutimos e ouvimos antes de cantar, de modo que o que nos opõe se aproxima, a saga da verdadeira fumaça inexistente, da teoria do Super homem, das bobagens sociais, das nossas ciências xulas. O universo é tão ateísta como o sujeito que fuma, e saliva com fumaça presa nos dentes. A sessão de descarrego começa com três formas, e prossegue, a caravana insiste, no asfalto, no "não faça isso, ou aquilo", em seu, no meu jeito confuso de ser "Patético".

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