sábado, 11 de junho de 2011

Old Fangs - Prepúcio.

Dia nublado, algumas sensações no ar eram tão pertinentes quanto qualquer fumaça inalada. No carrossel de emoções da vida, tudo o que você ganha lhe faz um pouco mais forte. Onde os bêbados seguem o blues, e os viciados se deleitam com o jazz on the rocks, o objeto sonoro sai de minha arma como a felicidade se propõe em um cano fumegante. As mentiras do choro austero infanto juvenil. O old fashion se misturando com o demônio a arrastado ao inferno. Chá, café, ovos fritos, e muitas gotas de óleo advindos do bacon, da sujeira, da sarjeta, de você.

Ele sentava-se todos os dias na mesma mesa, singularmente solitário com seu ar preguiçoso, desajustado e completamente abastado em um terno, quase sempre negro, de camisa branca, gravatas milimétricas e meias tão negras quanto qualquer quebra de conduta teria de ser. Tinha em sua estatura pouco mais de um metro e setenta e sete centímetros, de modo que jamais alcançaria os céus, a sua maneira jamais gostaria de alcançar os céus.

Me impressiona a forma como ele se movia na mesa, passava envolto em papeis, jornais e canetas um dia inteiro, e dia após dia ganhava a presença de senhores e senhoras, das mais variadas formas. Essas conversas giravam em torno de poucos minutos, tempo de um café, tempo de um cigarro queimar. Por vezes ele limitava-se a susurrar poucas palavras, por vezes ele mostrava seu entusiasmo sob forma de gargalhadas de tal forma que nunca sabia do que se tratava.

Parecia não ver, tocar, sentir ou ouvir minhas palavras. Abduzia-me por isso. transpunha-me por isso. Transcendia-me por isso. Enfim, era engraçado como apenas sentia que seus olhos se fascinavam pelo tintilar dos meus patins no assoalho, de tal forma que sempre que fazia um pedido, limitava-se a fixar seu olhar para baixo, esse olhar era como uma bomba nuclear.

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