quarta-feira, 2 de março de 2011

Monólogo ao pé do ouvido #02

Aguarde o convite. Não entre ou deslize onde não lhe é evocado. Evite traumas de dramaturgos, caminhe entre o vale das sombras, à beira morte, da beira você enxerga o abismo, e nunca existem queda que não se possa alçar. Quinze anos. Meio de vida. Todo conjunto habitacional aglomerado pela faca em seu pescoço, e você nem liga. Dispara, sob o céu, sob o acasso, milhões de balas nada endereçadas, você diz "te pego na curva", e curva se à mais uma dose. Nicotina, taxidermia, modernismo, pós modernismo, ou ambas alternativas, seria esta sua ultima canção. Aqui jáz, o jazz, o mod rocker, post punk de cabelos ao vento de lingua solta. Lingua de trapo, boca imunda, e no fim de que nos resta sem a suite roque em rou. Ambos os santeiros, amos, você caminha aqui! De toda aquela identidade rasgada, perdida como uma peça, um emaranhado de peças, esqueça, todos sabemos que lhe falta prática e calar-se, em sonegar o esforço.

Parte exata, entre minutos, aos que restam minutos.

Ela desce seca pela escada de teus dentes podres. Boca, sorte, affairs. Árida como um clima ruim alcança teu esofago sem estofamento, e tardiamente cai como uma pedra sobre os rins. Das entranhas caminha como o próprio foco, de modo peculiar, a guia em mãos, ao caboclo, e todo o resto saravá, mais um gole e ela está lá. Como um odor desagradavel pelo corpo. Ácida.

Ao suor, ao furor, e todas as outras bobagens de imagens pré estabelecidas, à arrogancia de um tiro no nariz, a bobagem de ser intocável. Tudo isso ela tirou, de si, de varios, e posteriormente tirará de terceiros meu caro. A fé que nasce entre terreiros, dentre brancos, negros, e pardos. Somos todos pardos meu irmão. Para ela o tom é sempre noir. É desnecessária, tanto quanto alguém que não se vê à meses. O nome dela você sabe tanto quanto eu. Necessária. Entidade necessária.

O corpo que a resite é o mais profundo de qualquer corpo. O democrático corpo que à reside, de modo que não há espaço para ciúmes, vislumbres, ou argumentos. Das mãos chacolhando, do ouro escapando entre teus dedos. Mente sã, corpo Santo. Esqueça, não funciona aqui. Entretanto, somos ótimos caçadores de idiotices, queimamos os dedos, fazemos preces aos que já foram, e promessas aos desconhecidos, fé, de maneira a trivia permanece, entre os poucos resistentes. Não somos assim tão resistentes. Página que vira é página lida, nem sempre compreendida, nem sempre ardua, ou fácil, mas sempre lida.

Resistem, residem, e obstruem o tráfego. O corpo que a reside, é o corpo do copo, da taça, do injetor, do gargalo da garrafa.

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