quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

You Cant Always Get What You Want

Ela estava alí de mãos, cheias de nãos, expostas ao céu. De expectativas baixas e poucas conversas. Suas companheiras, as pistolas nas coxas, seus echarpes, sua atitude bem conhecida, e os rabiscos que continuavam a sublimar a pele apregoavam a lei de sua luz. Aos teus passos e caminhos o açúcar mascavo de varias e várias gerações preso ao peito, mente e dentes. Está era sua paz, sua moral e maus costumes, excitantemente malvada. Os sonhos tão baixos quando qualquer nota de Mingus, o coração todos os versos de Pessoa, Moraes, Dylan. Essa era nossa menina, a pequena Alice que privada de nascer, residiu em espirito, vultos e cheiros. Essa era a pequena liberdade confeccionada entre entes, dentes e trips. A confusão hipocritamente apaixonante biblica. O Gênesis, os dez mandamentos, a satisfação stoneana, e a busca que nem deus saberia dizer. Os olhos negros deviam marejar, mas forte, dura e casca grossa, jamais permitiria voltar. Colocou as malas no carro e correu ao encontro dos seus sentidos, fé, drama, cafunés. Fármacos, conselhos obesos, e invariavelmente um olhar sedento de quem confunde mas não discute. Assim como urubus envoltos sobre o lixo, ela procurou se limpar, procurou viajar, carro, estrada, motor. Tanto quanto um sorriso infantil pode lhe proporcionar, mesmo que embora seja ela a mãe da mãe, da filha, do sobrinho e do gato. E os dias caminhavam para nunca mais observar, ou não se auto medicar.

Alice trancou-se em uma caixa, junto com itens que seus pais mais amavam. Guardou um pedaço de si para o futuro que nem ela mesma saberia se existiria. A caixa tão profunda quanto as ideias infantis que ela tinha sobre o escuro. Discos, livros, desenhos, musicas, falas, cabelos, e mesmo lhe parecendo estranho emaranhar todas aquelas coisas em uma caixa onde poderia sentir o cheiro do que era liberdade, trancou tudo de modo que nem mesmo o bico de um pássaro poderia espiar. Ouvira de fora, algo alheio que dizia que todos tem de ir, esconda-se, troque de roupa e repita quando assustada que esperar é uma dádiva obrigatória aos que são de pouca fé, de modo que ela esperou, caminhou e choramingou.

Acelerou seus passos, pôs fim aos passos do passado, cantarolou Wilburys, Dylan e Stones, e proclamou dentro de si seus novos campos de ação, sua coragem de penetração, e a liberdade de se dar valor. Como uma luz acessa, como um bêbado cantando uma boba musica ao telefone, ou gritando que os demônios são quase físicos em dias como esses ela recusou o abuso, trouxe o fermento, e correu, correu como uma detenta foge de sua prisão. Decidiu, e protegeu-se, então o caos se tomou. Não nela, não nos dentes dela, não na caixa cheia de recordações. O caos veio como quem não quer trabalhar para ser arrebatado de paixão, transformou-se o que era doce em amargo, e profundamente desagradável. Alice correu mais ainda, enfiou-se em um bunker militar a milhas e milhas dos atentados, novamente colocou as mãos ao céu, cheias de não, com apenas sua Mauser em riste. Jurou à todos os ventos, que o sorriso no rosto, as lágrimas nos olhos, não poderiam faze-la ver nenhuma linha futura, e fez disso sua canção favorita. Abandonou o Happy e seu magnifico refrão, e preferiu o away de sway.

Alice caminhava com crianças tão grandes quanto ela, aspirações tão baixas quanto as delas e um sentimento de que "você pode fazer tudo o que quiser!". Somos todos sobreviventes do fogo, da alma, mesmo que as doses homeopáticas de cerveja inundem todo o coração. Mostre se um sobrevivente, e era como um que Alice se via. Cheia de certezas incertas, cheias vê verdades, verdadeiramente voadoras, e covardias embebidas em tiros de olhos sagazes. Sabia tudo de todos, e via tudo que todos deveriam ter feito. Respeito a si mesmo, e competição a si mesma, leal aos seus direitos de liberdade. Leu à si mesmo os clichês da fuga, e proclamou seus pontos fortes. "Não sou a pessoa certa", "Não posso dar lhe o que você quer". Libertou-se e provavelmente frustrou se.

Alice arou seu campo imaginário de flores colhidas com o tempo e com o cheiro da liberdade fechou o semblante, ateou fogo em si mesma, e pôs ao póstumo os direitos que ela mesma formou no passado. Por muito pouco de pop, muito pouco de ódio, e muito de forte calcou seu calcário em suas novas aspirações e partições. Alice hoje se sente mulher, capta as armadilhas do destino como dançaria com o senhor "D". Liberta, sem ser caçada, voou em seus sonhos de blackbird sendo leal a si mesma.

Um comentário:

Dai.. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.