terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Shelter From The Storm...

Falavam-me que duas taças de vinho bastavam para aquecer o coração, e os desejos seriam questões que o tempo poderia salvar. Como Dylan, eu não acredito em você. A luz recaída como uma virada na sorte, e todo o acorde causador de mortes fomentariam meu espírito. Justiça ou apenas um atraso? Pelas gotas de chuva que recaiam nos ombros durante o dia, seria mais uma vez uma simples virada de sorte. Nem meu pecado, nem quem eu julgava ser a gêmea colidiam com a linguagem universal dos sinais, "You're a big girl now", ou apenas mais uma mulher vestida de "Blackbird" recaída de um ninho não muito bem feito. Entretanto nem todos os sons podem me fazer ouvir-te. Talvez ela não tivesse noção de como operou meu coração, de como a cirurgia fora um fracasso, de como eu fracassei. Os números seriam trocados, e os cavalos que rumavam para o paraíso foram domesticados como cortes no coração. Café, Dylan, cigarros e outras porcarias. Apenas um gosto azedo se regenera.

A guitarra soa junto ao piano como uma harmonia duradoura, e sua mãe devolve todos os convites. Tentando provar que suas conclusões podem ser mais drásticas, e a pergunta de que porque não vem me ver Rainha Jane respinga ao ar. Todos os dons artísticos jogados ao lixo como um cowboy otário, relegado ao poder financeiro e ao descaso. Onde os pecados caberiam como uma luva, e as provocações sempre são escondidas. Não dança, não passeia pela área, apenas acende o pavio de meu foguete. Pergunto que era uma vez no tempo onde eu me vestia melhor, e você poderia também. Todos seguravam as pontas, falavam alto, e gemiam com o gozo, tal qual a obsessão é necessária. O estúpido e o dramático, invertendo-se os papeis, buscando uma fuga do Papillon. E como fugir de si mesmo? Como aguardar o trem de pé. Abrir os olhos e se perguntar. Como você se sente? Quando não está em casa, fora de caminho, completamente desconhecido? Cigarros acendem-se todos ao mesmo tempo, e todas as poesias fazem certo sentido, tão doloridas quanto acalentadoras. E o absurdo, sou eu? Ou você?

O vômito cai como um corpo ao chão, inundando os passos diários, ganhando o nada a perder como uma prática fatalista mais real, de modo que as direções, sinuosas ou não, estão como um samurai sem honra. Um de nós deve saber. Tem de saber, e esse nunca fui eu. Como o texto não sou eu, como a vida não sou eu. Como a fuga não sou eu, e todos os objetos covardes arremessados são como espasmos musculares, o fazem rir, chorar, cantar, e gritar. Deus nunca soube mesmo o que me vale, tanto quanto eu não sei o peso volumétrico de sua alma. Ser relegado ao absurdo tem sido a maioria dos votos, e isso parece ter virado sua grande regra geral. Todos os guias, caboclos e cavalos se perguntam o por que. Dirigem seus carros, motos, carruagens de fogo, falando com seus poucos amigos invisíveis, ouvindo canções invencíveis, sem termos nem um pouco de neve para esfriar o clima, congelar as feridas, e conseguir ter o seu “ad infinitum”.

Trapaças, personagens, tudo uma grande bobagem. Recuso o saxofone como trilha, recuso que o sol queime a pele como ele insiste em fazer. Beber, viajar, e rumar ao futuro pessoal construído a dois. Sem que se tenha interferências de quartos ou quintos, sem que se culpe os próprios geradores de vida, sem que seja bom ou ruim. Dentro de Kimonos, calças justas, dentro de um espírito que vaga pelo mundo, caminha quilômetros em busca da métrica, em buscas de um justo comentário e uma boa recepção. Não se trata de voltar ao passado, ou retomar o que já se foi. Trata-se de fé, de consideração, de não estar preso dentro de um automóvel com um blues de Memphis rolando. Tão pouco se trata de vingança. Mas de entender o espírito que roga por paz. Sejam os porres e as garrafas pela metade, os ritímos que a letra "B" simboliza.
Não, "B", não somos tão diferentes, contudo machucamos cães e gatos, galinhas e porcos de maneiras opostas.

De maneiras a se dizer adeus à maneiras onde ele não deve se quer ser anunciado. Se a ver dia oi, e deixe que ande, se não a ver as coisas andaram lentas, embora se acostume. A Guatemala é um lugar seguro para se correr, e o outside, já fora proclamado. O não ser encontrado, não voltar a se aprisionar, e tentar esquecer talvez seja uma maneira descente de terminar a vida.

Sentir o sopro do vento na nuca, e conquistar uma cabana na Amazônia, África, ou qualquer ilha polinésia. Estamos de mudança, e sempre são para longe. Onde nenhum grupo de resgate possa chegar, onde insinuações serão apenas as de macacos, e jamais alguém se magoaria novamente. Não existem pecados em grandes espaços, não existe ser humano em grandes espaços, não se precisa de fé, e então ela não te faltará. Apenas caminhadas duras, construções simples, e nenhum planejamento que não possa ser comprido. Ser humano fede, e mesmo que se perfume ainda não saberá reconhecer-se por si mesmo. Macacos apenas grudam em suas costas, e também fornecem muita proteína.

Viajarei então, onde as palmeiras flamejem com os raios, onde não tenha absolutamente nada alem de sombras e silêncios, eles sim serão respeitados, de modo que nem eu mesmo respeite. Estarei em um acampamento qualquer, tirando apenas o que me é de direito, o que minhas mãos podem alcançar, sem ter complexas visões de mundo, sem que o demônio tome meu corpo novamente e a faça chorar, nem que os anjos iluminem meus dias para a fazer se alegrar. Onde todas as noites sejam de fato dormidas, e a morte apenas recaia como uma benção pelo seu tempo. Anos prestados à complexa lingua de sinais, anos prestados ao sabor do vento, de modo que todos eles são absolutamente idiotas, não se admira o uso de tantos entorpecentes. Adeus, goodbye yellow Brick Road. Armas ao chão, cavalos à postos mortos, e um campo de batalha semi-árido onde o sangue empreguina as faixas dos dois discos.

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