quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Nostálgico Subterrâneo




Longos dias se passaram, varias noites encerraram e nada escrito... Alguma novidade teria de aparecer, e não poderia ser diferente. Ontem encontrei, andando sozinha sobre um oceano de memórias, uma peça escrita de sopetão, onde a garota esfregava entre os dentes a chave de todos meus defeitos, talvez só mais um reflexo do brilho constante de seus olhos, talvez a irritante verdade em seus cabelos curtos, e a minha incapacidade de levantar ao cair. Crônicas, velórios, mudanças, quem aguenta tantos acontecimentos? A prolixidade atingindo antes o que somente a excitação alcançara, de modo que é muito fácil interpretar tais constantes como mais uma infeliz ideia.





Dentro do nostálgico, tudo permanece ardente, dentro do próprio subterrâneo, quase sempre dá pra viver sem se preocupar com a textura extra de teus muros. Mas não se engane, é um mundo louco, cheio de minúcias, cheio de papiros apócrifos, sintetizadores e domadores de leões. Acima de tudo, toda noite aponta como mais um pressagio de um dia malfeito, dias nublados requerem cigarros, e teu estômago já clama por socorro. A polícia bate a porta, e te retira os únicos pedaços de sensibilidade que lhe resta, chamar alguém pelo primeiro nome se tornou algo tão natural quanto o sexo, e enquanto isso você assiste teus pelos crescerem, imovél, tão figurativo como uma peça qualquer disposta na sala de sua mãe.





Qualquer cretino sobrevive à isso, qualquer bastardo aponta um rumo e um caminho livre de um beco sem saída, apontando pra sua infância, sua adolescência, sua juventude, com o frescor do serviço prestado, dever comprido, ou seria "cumprido demais". É bem verdade que sempre olho pra trás com muito respeito, saudade, banzo, como um velho advogado morto de fome, olha para teus dias de acadêmia. Nostálgico Subterrâneo, sempre acolhedor, distante das noites em claro.





É sim meu caro, abrupto como o pouso de um albatroz, cheio de clichês, dementemente sorri sem nenhum dente na boca, sobre qualquer mesa de botequim, sob qualquer objeto ou dejeto, acima de qualquer forma digitalizada de amor, inquieto como qualquer pequena coisa que te deixa só. Outra vez os clichês se destacam e os arquetipos remontam sua morada...

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