segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Exílio Espiritual e Normativa Artística



A Normativa


Um bourbon, comprimidos, papéis espalhados sobre o chão. Uma busca incessante de paz e um vicio de produzir, ganha-se olheiras, perde-se quilos, atravessa qualquer cordilheira afim de estudar mais um ritmo, pulsa, ou nem tanto, dorme ou se deprime, custa a entender o sentido de tamanho desgaste físico vindo de uma pequena linha mau escrita, uma palavra que não cabe, gera insônia, a insônia por sua vez clama pelo cigarro e este traga o gosto do bourbon, os comprimidos apenas consequência, os papéis ficam sem sentido, a busca pela paz um artificio para justificar o vicio, as olheiras sintomas da perda de quilos, a cordilheira uma metáfora da dificuldade de se encontrar o ritmo, o pulso, esse apenas um impulso do desgaste físico, que torna a normativa artística imposta novamente pelo artístico como um ciclo.


Apenas alguns minutos são necessários para tanto, apenas uma migalha já encaixota uma terrível lembrança. A solidão não seria meramente algo comercial se houvesse um simbolismo maior do que apenas um cachorro roendo o proprío rabo, as fixações, e a pluralidade imperativa, somente mais uma distorção de cores vivas. O artístico voltado pra dentro de si, troce e distorce qualquer pluralidade, procurando qualquer pingo obscuro de genialidade costuma desviar seu foco de sua arte, para a negação de sua propría originalidade e as migalhas derramadas remontam "Sonhos dourados enchem seus olhos, e sorrisos lhe acordam quando desperta...", os arrepios e as lagrímas que fitam teus olhos decolam embaraçando seu caratér e transpondo os acordes ao piano.


O Exílio


Arrependido e enjaulado em suas conclusões, tende ao desespero faminto por quantidades, abandona a qualidade e estoura seus tímpanos, chega ao ápice da infâmia destronando seus mitos e arquivando os livros. Basta! Reúne a pouca dignidade que lhe cabe, releva a um segundo plano a moral artística e embarca na busca de uma pureza restrita dentro de si. Dias quentes e tranquilidade austera ludibriam e confundem, descobre novos prazeres e novos amores, atribui qualidades agora com uma solitude profunda, profana seu corpo e convoca o coro dos pescadores hebreus à mais uma jornada. Deita-se a noite no leito de um rio, advinha as estrelas e argumenta com Cristo, salvador ou não, em você ou não. Acaba descobrindo um novo sentido e uma nova super nova brotando em seu umbigo.

Arrepia-se e volta à mesa de estudos, transforma e destrincha, convoca os atabaques e rodas de santo, arremata com o terreiro, e segue as determinações do preto velho, e as guias e contas do caboclo saravá. Eis você de volta, a luz remonta suas magoas, e assume a extensa saudade.


Foto: Reading Woman - Renoir

Nenhum comentário: