quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

My Funny Valentine


Os dedos caminhavam lentamente sobre as curvas bélicas, as calcinhas comestíveis de zebra convidavam apenas um individuo, aqui tudo era como uma doença, uma luz vermelha, o negro e o cinza e acalentando a dor, a morfina. O tapete de feltro, as guias da escada, o som das risadas vindas do corredor atarantavam esse senhor. Meio quilo de carne e ossos dispostos uniformemente entre a jugular e a pélvis. Todavia estava lá, este senhor, aquela senhora, a inebriante mistura de pó com calcanhares, as teclas ressonantes do piano e as paredes fulminantes como Nápoles. Todas as citações cobertas de enguias, Cowboys punks, princesinhas egípcias, 2000 quilômetros para o inferno e o calor nunca foi tão convidativo. O café esfriando sobre a mesa enquanto o tórax abocanhava seu destino, lá estavam as dores e as camélias, as pequenas frustrações e as miseras ilusões, todos nós percebíamos o foco, mas a humanidade com seus rituais de magia cristã abominavam toda e qualquer perversão, as vezes se sorria, as vezes se mordia, um sax alto, uma trombeta, poucas e boas alegrias.

My Funny Valentine à esquerda, o aroma e a cúpula distantes dos gases Sarin, das forcas e de quaisquer sensações psíquicas. Normativas, artísticos, criativos, dois corpos efervescestes, ante braços entrelaçados, e uma placa de Cuidado, Perigo. O período fértil de um óvulo vazio. Nosso velho bolero, nossa antiga quermesse, a vida monástica abandonada pelo dinamismos da ardência juvenil. My Funny Valentine, de olhar distinto, frescores e distúrbios hormonais, a Rússia logo aqui, o México em seguida, um segundo traçado como uma vida. Os desatinos variados entre as partes já lascadas dessas peles, o couro irritado, o misto de satisfação e agonia, o êxtase, o tremor arredio de uma perna, a insalubridade dos desejos e sabores. Assim tocou a ultima sinfonia, ate o próximo movimento, até o armazém puxar da linha férrea um adjetivo melhor, um cadeado mais frouxo à um coração mais novo.

Todas as chaves, e brochinhos, todos os tubinhos negros com um jazzista ofensivo. Cada sentido estava apurado, um truque hormonal, um castigo. Uma datilografia, e todos os códigos Morse, a respiração ao pé do ouvido como o arrepio e a forca, estampidos, dividas e forças, uma luta cruel entre o querido e a querida, desprovidos de contato, aquecidos e arquétipos de Fausto, um enfarte e nada mais.


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