segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Monólogo entre O Demonio e o Deus.


Novamente estava cheio de suas visões, usava dos gritos de seu silêncio a lança para combater o frio na espinha, do carpete vermelho até as pequenas demonstrações de afeto. Algumas vezes deixava florescer dentro de si uma pequena cavalgada, mas um tiro no asfalto, mas uma garrafa terminada e assim resumiam suas virtudes? Esse que nunca foi teu forte. Nesse nosso pequeno emaranhado de fitas adesivas anti-tabaco, nessa clínica de reabilitação constante, sentimos a falta da nostalgia balsâmica, da reação imoral e atemporal de se reescrever uma velha ferida, durante os anos e as modas, os verões e outonos, do francês ao inglês dos cabelos de Brigitte Bardot, ate as frívolas imaginações de Piaf, maldito seja o vicio, maldito seja a falta do vicio, e assim pensou.

- Deus não sabe o que me vale se eu calar sua voz! - Imaginando-se sozinho, ao calor de um corpo, aos foros unânimes de seu juízo. Prosseguiu. - Deus, não me espera entender um milagre apenas apagando a luz? Eu que sou apenas teu fardo, eu que volto ao negro, ao teu tubo negro, teu scarpin que não senti, tal qual o tatame ligava você a mim, que nem mesmos os sushis de sua existência responderiam com sua extra textura.

Tuas questões iluminavam teu coração, e os clichês de suas posições acariciavam tão facilmente seu peito que um enfarte não seria novidade, seguiu apenas comentando, as mãos na cabeça e a dor muscular de se deitar.

- Eu não voltarei ao tumulo que sai, não seria tão dramático assim, já estou aqui, falando contigo, pedindo, e isso não é natural. A contradição imposta em minhas frases, e os berros soltos à sua face remontam a imagem e semelhança do Cristo, tu que jamais me apoiou, e entrou em mim como uma farpa, enquanto a harpa tocava tuas canções celestiais, enquanto o asco vermelho dizia ser azul, e frasco de vitaminas já não me bastava, ao exílio e ao consumo, que tu me guiaste, hoje eu sigo cada dia atormentado, uma leve lembrança do passado, e um piano maldito ao inferno, que se danem os adjetivos, que se reclame de volta o profeta, quando a Cabala diz, e meus astros regem, você pra longe, distante, teu olhar cada dia mais penetrante, fotos apenas fotos.

Deitou e acalentou-se com o céu, os olhos fechados, os dedos fechados em suas mãos e a leve impressão de que já era tarde.

- Alguma composição interpretada por Piaf seria menos melancólica? Algum dia você enxergaria fora os edemas em minhas costelas? Que adão fez um péssimo trabalho já sabemos, que um deveria ser dois não consigo compreender, mas me faz reler a síndrome Peter Pan, me faz enlouquecer e buscar o caminho de olhar sempre pra trás com saudade.






Um comentário:

Érica disse...

Vê?eu leio sim seu blog...Beijo

;D