sábado, 27 de novembro de 2010

O simples sabor do vento.

Eu vejo céu e vi a lua,
caminhei por mim mesmo e disse que jamais deixaria para trás,
as lágrimas que descrevem o simples sabor do vento.

Eu caminhei pelas ruas,
Com o sabor do fogo nos pulmões para aquecer seu espírito,
e somente a luz do ultimo cigarro cegou os olhos do simples sabor do vento.

Podia ver alguém em qualquer lugar,
transformar o pálacio em um ultimo atraso, e caber dentro de mim uma ultima gota,
Como um paraíso em meio a poeira, somente mais um pequeno sabor do vento.

Não saber o que sentir, não é um pecado,
Eu me perdi na chuva, e ela nasceu em Dezembro,
captei o som dos pássaros, e o passado se anunciou como um pequeno sabor do vento.

Alguém poderia ter estendido a mão à mim,
Mas nem mesmo Deus me deu um presente, tirou me como um tiro a vida.
Entre todo o sangue descrito nas faixas,
apresentou-se o ultimo suspiro do vento.

Eles me falaram de um pecado,
me prenderam como culpado, e mais uma vez as cordas soprariam contra mim.

Nem os ossos, nem os abraços, apenas assisti ao simples sabor do vento.
Estiveram confusos e eu,
apenas como um tolo caminhei com o simples sabor do vento.

Era bom, e ela estava lá,
mas não à vi quando o atraso proclamou sua ultima gota
tanto quanto eu, tanto quanto o rim doente ou a poeira que se enxagua nos meus sapatos
eu a perdi na chuva, como um simples sabor do vento.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Baile Funk






Andar na Pedra

Escuro, completamente isolado. Fim de papo. As gotas da chuva noturna recaiam sobre seus ombros como somente o peso do universo conspirando contra seu favor, de modo que o Diabo sorri, o inferno corre em suas veias e o domínio noturno que outrora tentara surrupiar suas gotas de vida pelas entranhas começara a visar um novo foco. Dez dias, dez noites sem dormir. Olhos negros, olhos negros, hoje para trás, apenas as doze narinas abertas, assim como os doze apóstolos de olhos vendados para fé. Desgraça, sangue, tambores arriando um noivo morto. Pés descalços.

Andara sempre sem chinelos, e a tinha o peito do pé amarelo. A sola grossa feito pneu, corria sempre muito mais que eu. Demônio sem asas, esse era o seu corpo, essa sua fonte de vida. Nem mesmo um toco grande, grosso, acalmaria os suspiros, o fogo gritando à plenos pulmões, o desabafo. O grito, o instinto. Como um animal estripando sua carniça. Café, Dylan e cigarros estraçalhados como também o espírito que vagava sozinho pela terra. É caro, o horror chegou, e quão forte ele seria? Valentia, tiros, e esporros, como o escarro tirado de encruzilhadas. João voltou. Trazendo com ele todos os seus próprios pesadelos. Risonho não?

Caim matara Abel em teus desejos. Rasgando como uma bala em seu próprio peito. Como um Urubu, feito o começo do fim. Olhos verdes que verdejavam o balbuciar do vermelho nos lábios dela, destronavam reis de seus castelos. Assoviavam com os rins sob os dentes aos cães do inferno. Nicotina, THC, entre tantos ossos vazios, cheirar as cinzas de alguém hoje é uma homenagem.

Baile Funk.


"João Gilberto, ."

Caminho entre as encruzilhadas, trabalhando para comer, comendo para não morrer, cada esquina morto por dentro. Dentre tantas saias, pernas, bocetas e rabos. A porta agora sempre aberta para o povo. É a Casca do cerrado. Chegaram os mortos de fome. Sujeira em toda parte para sujar seu nome.

Acelero entre sonhos, sono, e angustia. Tão forte quanto qualquer soco no estômago, onde a marginalia mostra todos os dentes. Você que nunca caiu entre sarjetas sujas de fome, onde os nomes são só nomes e os obrigados lhe condenam ao fogo do inferno. Você que nunca quebrou o nariz em uma briga, nuca ou pescoço em meio à assaltos, condene a si mesmo. Curta teus bons momentos de confusão, mas não deixe mais rastro. Com um cigarro em brasas em cada braço, riscado e rabiscado, não existe mais motivos para não adentrar. A casa anda cheia, as expectativas andam baixas, em poucos passos já caminhei por muito, já vivi muito, e certamente já comi muito.

A casa noturna completamente aberta a mim, poles, garotas, certamente esqueléticas Somalis e Etíopes enpinando as bundas. Lembrara-me de quando ela me viu, de tanto que eu me esforcei. Bobagens. Somente bobagens e à elas eu devo respeito. De todas as narrativas e pensamentos obscuros, de modo que a confusão austera de meus olhos anda passo a passo com a sujeira. Difícil não se vincular à isso. O rei deposto, e todos seus acessores mortos, tendo em vista o grão de areia solto em sua roupa de baixo. A postos cavalheiros, todas elas agora estão semi nuas, todos eles rijos como haste, todo diabo canta vitória. Sabedouro do universo não serei eu mais a lhe explanar, clarear, ou cacarejar. Deixo essa missão às galinhas e suas revoluções dos bicos, deixam as doses de uísque barato denegrir meu corpo, e talvez um bom banho abduzir meus últimos desejos. Sentava em um banco no asfalto, esperando uma ultima buzina clamar meu nome. A libertação não mais em uma sessão de descarrego, e sua leitura não mais iluminada pelo desespero. Despeito, cansaço, e ovos virados. Tal qual a confusão dos corpos dançando no baile funk, a cabeça confunde todos os tópicos, não tente crer, não tente esquecer, não caminhe sob o sol. Diria eu no passado: "Embaixo do sol sobre minhas sementes.", hoje a chuva de prata, afogara todos, e nem mesmo a mais sólida semente pôs se a prova.

Ela sorriu, de tanto que me esforcei. Ela me viu, quanto eu me quis ver. E nada mais caminha passo a passo com o destino. A porta hoje da casa sempre aberta pro povo.