sexta-feira, 29 de maio de 2009

No Way Back From Here



Pegou as botas e as colocou novamente sua face na privada do banheiro. Dessa vez jurou por si mesma, que de alguma forma bizarra que fosse, procuraria a verdade além do ralo. A dignidade não se torna um inferno à toa. Conspirava com sua saia em courinho preta, curta, mas não muito, as meias arrastão, entre as pernas roliças que cantavam ao mover-se, de modo que nem mesmo um velho safado deixaria de entoar um agradecimento aos céus. Cansada de falar, falar, e falar, ouviam apenas as letras das ultimas canções da saudade. O Exílio, o domínio do ser que foste um dia já não era palpável, apesar de necessário. Ingrata a vida de quem anda, anda, e ainda assim não se sabe ao certo em qual tom começar a gritar. Essa seria a ultima canção, dentro de componentes falhos, e atos falhos, ao passo que teria a eternidade para conjecturar seus procedimentos pretensiosos. A aristocracia é algo a se invejar.

Cabelos soltos, já na altura dos ombros, definidos como um novo Way of Life, o excesso de expressões livres e regra chula. A inominável fome que sentia de timbres pesados de trombone. O sabor da lealdade tonto em meio a todos os goles de vodka, absoluta. Todas as palavras brotariam na face, mas jamais as diria, assim como jamais deixaria as mãos de um cafajeste tocar teus seios. Não tão certa disso, nem mesmo os azulejos de banho, as tomadas em curto-circuito, e os bombeiros da brigada mais próxima podiam avaliar essa normativa. Seu único companheiro não deixava de ser um traste, o objeto de consolo mais comum não passava de esguichar água, de modo que o ralo lhe era mais fiel, mas cômodo e mais misterioso que qualquer nova descoberta. Lamentável.

O autor diria que esse é o tipo de situação em que se percebe Foo Figthers é uma boa banda, e Jorge Amado um bom roteirista, enfim, tanto quanto as genitálias, as idéias e percepções não vacilam muito bem. Não existe ponderação, e o choro corre tão solto quanto o tiro no ouvido. Rabiscado e sem curvas, como a pele. De oncinha à óculos escuros, da sabedoria popular, até o Bruce Willis Lifestyle não existe margem para a moderação. Não beba no trânsito, ou trabalhe chapado. Não discuta com um cliente ou bata o carro. Todos esses não’s à ela pouco fodiam. A ultima experiência de trepada não fora tão interessante assim, salões de festas não têm glamour, aja visto que ela jamais recobrou seus pensamentos horizontais.

Do xadrez do vestido, pedia-se apenas vislumbrar o sol tocando as sombracelhas, da maquiagem obscura todos os detalhes de uma carreira ainda por vir bem fadada, de um tempo bem vivido e mal experimentado. Mas de todos os poros apenas o ralo permanecia virgem e imaculado. Apenas o ralo nada além do ralo era teu confidente, e mesmo o ralo não enxergava a lua como deveria ser. A pele cheia de comichões, a face tensa de vergonha e os olhos marejados de dor. O balé acabou, e determinou mais algumas alterações. Novas conjecturas, velhos jeitos de prometer ações. A vida nada mais é do que ranhuras de um long play, de modo que você é o que consome e o que dorme pra ser. A crônica perde o sentido e a prosa atormenta teu estilo. Quem houvesse de ser um marechal para dominar o mundo faria uma lei contra isso. No way back from here, nem mesmo com a nova batida do verão há de se sentir bem. Mas o ralo, o ralo ainda está lá, de maneira que, tudo o que Fitzgerald diz fizesse sentido. Nicotina, cafeína, codeína, Álcool, THC, clonazepam, cloridato de metilfenidado, e muito sódio, ainda provam que você tem força.